Primeira presidente negra de Harvad denuncia racismo em carta que renuncia ao cargo

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A primeira presidente negra da Universidade de Harvard, Claudine Gay, renunciou ao cargo após pressão de doadores da universidade, congressistas e políticos israelenses, que denunciaram a suposta má gestão em casos de antissemitismo em Harvad e acusaram a intelectual de plágio em seus trabalhos acadêmicos. A renúncia foi confirmada nesta terça-feira (02).

Claudine fez história ao se tornar a primeira pessoa negra a liderar a poderosa universidade norte-americana, que fica em Massachusetts, Estados Unidos. Em trecho da carta de renúncia, a ex-presidente desabafou sobre o racismo que sofreu no processo.

“Tem sido angustiante levantar dúvidas sobre meus compromissos em confrontar o ódio e sustentar o rigor acadêmico… E assustador ser sujeito a ataques pessoais e ameaças motivadas por animosidade racial”, disse Claudine.

Claudine, tem 53 anos, e nasceu em Nova York, de pais imigrantes haitianos e é professora de ciência política – Foto: AFP/Universidade de Harvard/Stephanie Mitchell

A renúncia foi noticiada em primeira mão por um jornal estudantil chamado Harvard Crimson, e foi confirmada logo em seguida, pela própria Claudine que disse: “Com grande pesar, mas com profundo amor por Harvard, escrevo para compartilhar que deixarei o cargo de presidente”.

Os conflitos no oriente médio, e especialmente o conflito em gaza entre Israel e o Hamas, tem aprofundado os debates nos campus das universidades nos Estados Unidos, e em meio a isto a acusações de ataques antissemitas, ataques violentos a judeus e também a mulçumanos. Algumas acusações contra a presidente foram feitas de maneira anônima na internet, a maioria em meios conservadores.

A renúncia de Claudine Gay se deu por conta das críticas, por se negar a responder uma pergunta em comissão de educação no Congresso norte-americano sobre punições para alunos por declarações consideradas antissemitas. De acordo com apuração da AFP, a Corporação Harvad, que dirige a universidade, considerou o depoimento da gestora um desastre para as relações públicas da faculdade.

Alan Garber assumirá a presidência de maneira interina.

Ainda de acordo com informações apuradas pela AFP, mais de 70 congressistas pediram a renúncia de Claudine, não só republicanos, mas também democratas, que pediram que ela deixasse o cargo. Alguns ex-alunos e doadores de alto perfil de Harvad também defenderam que Claudine Gay, deixasse a universidade.

Entre os políticos de Israel que se pronunciaram está o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que fez a seguinte declaração: “Uma enorme onda de antissemitismo se infiltrou nos campi universitários”, disse Benjamin Netanyahu.

O novo ministro de relações exteriores israelenses, Israel Katz, se pronunciou sobre a saída da presidente Claudine Gay.“O fracasso de liderança e a negação do antissemitismo têm um preço. Espero que a gloriosa Universidade de Harvard aprenda com essa conduta lamentável”, afirmou Katz.

Entre os ex-alunos, o doador e bilionário Bill Ackman, afirmou em carta à administração de Harvad que “os fracassos da reitora Claudine resultaram no cancelamento e na pausa e retirada de doações à universidade na casa dos bilhões de dólares”, afirmou o bilionário.

Claudine Gay havia se tornado presidente em julho do ano passado e se tornou a primeira mulher negra a presidir a Universidade de Harvad em seus 368 anos de história.

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