MPF abre uma consulta pública sobre participação do Banco do Brasil na escravidão

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O Ministério Público Federal (MPF) decidiu abrir uma consulta pública para que pessoas, entidades e movimentos sociais se manifestem sobre o inquérito que apura a responsabilidade do Banco do Brasil (BB) na escravidão, que acorreu no país. O objetivo é que a população possa apresentar, até s próximos 60 dias, formas de reparação que a instituição financeira pode adotar.

A decisão do MPF é um desdobramento de um inquérito, aberto em setembro deste ano, que investiga o papel do banco estatal no tráfico de pessoas escravizadas durante o século XIX, a partir de um pedido feito por um grupo de 14 professores universitários, que estudam e analisam o tema.

Quem quiser participar da consulta pública, pode apresentar sugestões e propostas por meio de protocolo no MPF – fazendo referência ao inquérito (IC 1.30.001.004372/2023-13) – ou enviando e-mail à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Rio de Janeiro (PRDC/RJ), no endereço eletrônico: prrj-prdc@mpf.mp.br.

Ainda como parte da ação contra o BB, foi solicitado que a instituição fizesse um pedido de desculpas público, que foi feito no último mês. “Direta ou indiretamente, toda a sociedade brasileira deveria pedir desculpas ao povo negro por algum tipo de participação naquele momento triste da história. Neste contexto, o Banco do Brasil de hoje pede perdão ao povo negro pelas suas versões predecessoras e trabalha intensamente para enfrentar o racismo estrutural no país”, diz uma parte do pedido de perdão.

Fachada Edifício Banco do Brasil, em Brasília/ Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Banco tem trabalhado em parceria com diversas instituições representativas do povo negro na sociedade brasileira, em especial com o Ministério da Igualdade Racial (MIR), na busca de diálogos do BB com movimentos negros, associações populares para promover ações em torno do tema“, diz outra parte do comunicado oficial, que reitera o compromisso do banco em busca de reparação, anunciando algumas medidas e ações afirmativas adotas com essa finalidade, que podem ser encontradas na página do BB

Porém, o MPF considera o pedido de desculpas insuficiente.

Se, por um lado, é inadmissível que convivamos com o apagamento e o silêncio ante essa tragédia histórica, mostra-se fundamental, por outro, que não nos limitemos a um mero pedido de desculpas, por melhores que sejam as intenções”, afirma o documento assinado pelos procuradores regionais dos direitos do cidadão Julio José Araujo Junior, Jaime Mitropoulos e Aline Mancino da Luz Caixeta.

Eles continuam: “O pedido de desculpas já foi realizado, com ótima recepção de toda a sociedade brasileira. Mas não pode ser a única medida”, completa o documento da última sexta-feira (01).

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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