O escritor e ativista Ailton Krenak é o primeiro indígena eleito para ocupar uma cadeira de imortal na Academia Brasileira de Letras (ABL). A eleição na centenária instituição foi realizada na tarde desta quinta-feira (5), no Rio de Janeiro.
Kerenak era favorito à cadeira desde que demonstrou interesse, em setembro, e concorria a vaga de forma direta com a historiadora Mary Del Priore e pelo também líder indígena Daniel Munduruku. Além deles, outros 12 candidatos também pleiteavam a cadeira deixada pelo historiador José Murilo de Carvalho, morto em agosto deste ano, aos 84 anos.
Na última semana, Munduruku acusou Krenak de traição, em entrevista à Folha de São Paulo, dizendo que eles já haviam negociado que Munduruku teria preferência por já ter se candidatado à uma cadeira na ABL, em 2021.
Após a derrota de 2021, Munduruku foi aconselhado por outros imortais a se candidatar novamente e que ele teria muitas chances porque seria “o indígena que eles queriam”. Ele chegou a considerar ceder o espaço a Krenak e chegou a escrever um tuíte em apoio a ele logo após o inesperado anúncio da candidatura, afirmando ser “capaz de abandonar um sonho longamente sonhado, fartamente gestado e literariamente escrito para que a causa seja vencedora”. Depois mudou de ideia.
Munduruku disse que Krenak “puxou seu tapete“, mas o líder indígena afirmou que nunca houve um acordo desse tipo com o escritor e colega. “Nunca fiz um trato com ele, sequer tomamos um café”, se defendeu.
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“Não estava no meu horizonte uma coisa dessas, estou desmarcando um monte de coisas para cumprir as burocracias e demandas da Academia sem sequer fazer parte dela”, finaliza Krenak.