FONTE: RTP
O Papa Francisco chegou esta sexta-feira a Marselha, para uma visita de dois dias, dedicada ao desafio da migração e ao drama dos naufrágios no Mediterrâneo. “A migração deve ser uma escolha livre”, é a mensagem de apelo que deverá fazer à União Europeia, no próximo domingo (24), a propósito da 109º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, numa altura em que os países europeus tentam travar os fluxos migratórios e fechar as fronteiras.
Marselha recebe a visita do Papa, nos próximos dois dias. Vincou que não se trata de uma visita de Estado a França, mas a Marselha, para participar nos “Encontros do Mediterrâneo”. Um evento que reunirá bispos e jovens católicos de todas as margens do Mediterrâneo, organizado pela Conferência Episcopal Italiana.
Trata-se de uma visita histórica à segunda maior cidade francesa – onde convivem diversas comunidades e religiões – cujo objetivo é chamar a atenção para a situação dos refugiados no Mediterrâneo, em linha com o que o Papa Francisco tem vindo a defender desde o início do seu pontificado, em 2013.
Na missa do último domingo, no Vaticano, o Papa pediu uma oração pela viagem que visa “promover percursos de paz, de colaboração e de integração, em volta do “Mare Nostrum”.
“O maior cemitério do mundo”
A viagem do Papa Francisco acontece poucos dias depois da chegada de milhares de migrantes à ilha italiana de Lampedusa, a 150 quilómetros da costa tunisina, o que levou a União Europeia a adotar um plano de emergência para ajudar Roma a gerir os fluxos migratórios provenientes do Norte de África.
E depois de o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, ter afirmado recentemente que “a França não acolherá os migrantes de Lampedusa, exceto refugiados políticos”, em entrevista ao canal francês TF1.”Não é acolhendo mais pessoas que vamos travar um fluxo que, evidentemente, afeta a nossa capacidade de integração”, afirmou Darmanin, numa mensagem que colide com o apelo do Papa Francisco.
A Rota do Mediterrâneo é considerada a mais perigosa do mundo, mais de 28 mil pessoas desapareceram nas suas águas desde 2014, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM). O Papa lamenta regularmente que se trata do “maior cemitério do mundo”.
Esta sexta-feira, o papa esteve na Basílica de Notre-Dame de la Garde para uma oração inter-religiosa e uma homenagem aos migrantes desaparecidos no Mediterrâneo.
No sábado, está prevista uma missa no estádio Orange Vélodrome, onde são esperadas 57 mil pessoas, e um encontro com o presidente francês, Emmanuel Macron, apesar de não ser uma visita de Estado.
A deslocação do Papa Francisco, de 86 anos, a Marselha é a sua 44ª visita ao estrangeiro, numa altura em que confessou, no início de setembro, que viajar “já não é tão fácil como antes”.