Estreia na próxima quarta-feira (06) o espetáculo “Cíclico” da atriz Gabi Costa, que estará em cartaz com o monólogo de autoficção em curta temporada até o dia 16 de setembro, na Oficina Cultural Oswald de Andrade. A dramaturgia cruza as histórias de Gabi com episódios biográficos de sua família, onde, em seu íntimo, as mulheres tiveram de lidar, de geração em geração, com a dependência química de terceiros.
Dirigido por Mariá Guedes e Thais Dias, o espetáculo tem ficha técnica formada por artistas negras, e essa primeira temporada será acompanhada de ações formativas – debates e workshops – que vão abordar o tema central da dramaturgia. Autobiográfico, “Cíclico” conta a história da protagonista – uma cerimonialista impulsionada pelo perfeccionismo – que faz um exercício de memória sobre sua vida, para compreender em que ponto as coisas, e sobretudo a “festa”, passou a dar errado.
“Quando pensamos em materiais artísticos, encontramos muitas histórias que retratam a dependência química dando protagonismo ao viciado. Mas e a história das mulheres que participam da vida destes homens? Qual o ponto de vista delas?”
Investigação autobiográfica leva estigma familiar da autora ao palco
Gestado em 2017, o espetáculo parte de estudos nos quais, como proposta de pesquisa de um núcleo teatral, uma investigação sobre memórias, autoficção e dramaturgia ensejou em Gabi um mergulho autobiográfico onde notou a existência de um ciclo vicioso em sua família: a dependência química dos homens. Consequentemente, às mulheres de sua família.
“Mexi por muito tempo nessa história, e por isso foi feita com muito carinho – e dor também. Tive que criar uma blindagem porque estou mergulhada nessa história”, diz Gabi.
Buscando materiais de apoio para sua pesquisa, Gabi Costa encontrou dados sobre o abuso de álcool e drogas no país que espelhavam a mesma condição enfrentada por sua família: o alto número de homens dependentes químicos e um número enorme de mulheres afetadas pela dependência deles.
“Encontramos todas aqui um lugar de trabalho afetuoso, em busca de romper com os vícios patriarcais instaurados no modo de fazer teatro“, disse Thais Dias, uma das diretoras do espetáculo.
Já para Mariá Guedes, que também assina a direção do espetáculo, mexer na intimidade familiar da atriz se deu através de um processo artístico respeitoso, íntimo e familiar.
“Nessa Direção Cênica firmamos uma parceria fluida e orgânica de mãos dadas pra arte e pra vida. Sentimos que sempre estamos juntas para além da sala de ensaio, seguimos crescendo aprendendo, somando em nossas vidas“, disse Mariá.
Sinopse
Tendo a trajetória das mulheres de sua família como premissa, a protagonista investiga uma série de memórias que se cruzam com as da atriz, como uma repetição ensaiada e aprendida de forma cíclica. Da infância às festas de final de ano, e sob a luz do monólogo, o espetáculo traz o estigma da dependência química, mas sobretudo o protagonismo das mulheres nesse álbum de família.
Sobre Gabi Costa
Formada pela Fundação das Artes de São Caetano, a atriz tem como foco a pesquisa cênica que considera diversidade e inclusão, e também o diálogo entre teatro e psicologia. Alguns de seus principais trabalhos: “Entre os Trilhos e a Baleia “, dramaturgia de Luana Frez, dirigida por Érica Montanheiro; a leitura dramática “A Gaivota e o Concreto”, realizada no Centro Cultural São Paulo, com direção de Luiz Fernando Marques Lubi; o espetáculo “Plantar Cavalos para Colher Sementes”, dirigido por Ronaldo Serruya; “Naturaleza Muerta”, da Cia La Desdeñosa. Com Sidney Santiago Kuanza divide a direção da performance “Feio”, sobre a vida e obra de Lima Barreto e a obra audiovisual “14 de Maio”, de Allan da Rosa.
Sobre a direção
Mariá Guedes
Atriz, palhaça, bailarina, circense, dramaturga e diretora teatral. Bacharel em Artes Cênicas pela UNICAMP, dubladora pela escola.
“Universidade de dublagem” e Mestre em Artes Cênicas na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP. Tem formação informal em dança do ventre, danças árabes, dança afro, danças brasileiras, é capoeirista e circense (acrobacias solo e aéreos – trapézio e tecido).
Formada no curso Método Ivaldo Bertazzo. Pesquisa a interpretação do ator e a prática corporal nas representações artísticas populares na dança e no teatro, e linguagens de máscaras.
Thaís Dias
Mãe do Bento Zuri, Artista Piracicabana atuante nas artes como Atriz, Figurinista, Produtora Cultural, Arte Educadora e Diretora Artística;
Atriz formada pela Escola Livre de Teatro de Santo André-ELT (2009). Atriz do Grupo de Teatro Forfé, Coletivo Quizumba.
Atriz Parceira das CIAs: Corpórea CIA de Corpos, Pessoal do Faroeste, Teatro Endoscopia. Figurista Parceira das CIAs:
Grupo Forfé de Teatro, Pessoal do Faroeste, Coletivo Quizumba, Zona Agbara, Combate Coletivo de Artes Preta, Coletivo Sementes,
ILÚ OBÁ DE MIN/2023. Cantora nos Espetáculos de Repertório da Cia Treme Terra; e da Cia Zona Agbara.
Ficha Técnica
Atuação, Texto e Concepção: Gabi Costa
Direção: Mariá Guedes e Thais Dias
Cenário: Evas Carretero
Preparação Corporal: Ciça Coutinho
Iluminação: Danielle Meireles
Fotos: Cléo Martins
Designer Gráfico: Luna Ákira
Trilha Sonora: Camila Couto
Operação de Som: Camila Couto e Carolina Gracindo
Orientação Dramatúrgica: Tatiana Ribeiro
Figurino: Thais Dias
Adereços: Gabi Costa e Mariá Guedes
Colaboração Artística: Meg Pereira
Bate-papo pós espetáculo: Cris Guterres e Siméia Mello
Workshop Dança Afro: Juliana Ferraz
Assistente de Produção: Lua Negrão
Produção: Gabi Costa e Corpo Rastreado
Assessoria de imprensa: Rafael Ferro e Pedro Madeira
Realização: Cia La Desdeñosa
SERVIÇO:
Cíclico
Estreia 06/09/23 – Quarta-feira, às 19h30
Temporada:
Quartas, quintas e sextas-feiras às 19h30.
Sábados às 18h – Até 16 de setembro de 2023
Ingressos: Gratuitos | Duração: 70 minutos
Classificação etária: 14 anos
A retirada dos ingressos acontece 1 hora antes de cada sessão
Na Oficina Cultural Oswald de Andrade
Rua Três Rios, 363, Bom Retiro/SP
Conversas Cíclicas
Bate papo após o espetáculo, com atriz, diretoras e convidadas
Sexta-feira, 08/09/23 | Convidada: Siméia Mello
Sexta-feira, 15/09/23 | Convidada: Cris Guterres
Traçando paralelos entre a pesquisa de dramaturgia e encenação do espetáculo “Cíclico” e as estruturas que envolvem o conceito de liberdade para a mulher negra em todas as esferas, desde a infância, Gabi Costa e as diretoras Thaís Dias e Mariah Guedes, vão receber as convidadas Siméia Mello e Cris Guterres para uma conversa com o público presente após as sessões de sextas-feiras, durante a temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade.
Sobre as convidadas
Siméia Mello é Coordenadora do Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil, doutoranda em História, pela Universidade do Estado de Santa Catarina, e mestra em Língua Portuguesa, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Possui experiência como educadora, formação de professores e com consultoria na área de diversidade e inclusão; é revisora, roteirista, articulista e ativista pelos direitos humanos. É cofundadora e diretora do Instituto Ella Criações Educativas, empresa voltada à produção de projetos educacionais na área de direitos humanos, com foco nas relações étnico-raciais e de gênero, e diretora do Instituto Encrespa Geral. Atualmente pesquisadora-associada ao AYA – Laboratório de Estudos Pós-Coloniais e Decoloniais da Udesc.
Cris Guterres é apresentadora do Estação Cultura, programa semanal da TV Cultura, Jornalista, especialista em Liderança e Gestão de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas. Palestrante, Cris participou do Ted X Speaker, é colunista do Universa UOL e também co-fundadora do Meteora Podcast, considerado por Youpix, The Intercept e Mídia Ninja como um dos podcast mais relevantes de 2019.
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