87% da população carcerária do Ceará é composta por homens negros 

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Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) do estado do Ceará, a maioria da população carcerária local é composta por homens negros e pardos. O estado possui 21.457 pessoas privadas de liberdade e, desse total, 18.664 se autodeclaram pretos e pardos desse quantitativo 16.508 se autodeclaram pardas e apenas 2.156 pretas, representando 87% da população carcerária.

Os dados são referentes a novembro deste ano e seguem o critério do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mesmo mantendo as duas categorias “pretos” e “pardos” separados na contagem final essas duas pessoas aparecem juntos na categoria “negros”.

A maioria da população carcerária do estado do Ceará é composta por homens negros e pardos. Fonte: Unsplash

De acordo com o historiador Isaac Santos, essa estatística possui raízes históricas e retrata o racismo estrutural que ainda permeia a sociedade brasileira desde o processo de escravidão. Para ele, o sistema prisional seria uma ferramenta de controle disciplinar sobre as pessoas negras. Eudázio Sampaio, diretor de Pesquisa e Avaliação de Políticas de Segurança Pública da Susep, declara que, mesmo após 137 anos após a abolição da escravidão a sociedade ainda olha o homem negro e associa à criminalidade. 

Ele frisa que há falhas em todo o sistema do estado; educação, saúde, proteção social e a polícia atua apenas como a ponta do iceberg executando ações que marginalizam a população negra. 

Sampaio afirma que a raiz do problema está na falta de letramento racial entre os servidores da segurança. Para minimizar esse problema ele organiza palestras e formações sobre o tema para esses agentes, que passaram a se enxergarem como pessoas negras apenas depois das aulas. 

Dayane Teixeira Rodrigues, capitã da Polícia Militar do Ceará, e uma das alunas das aulas de letramento explica que a turma estudou desde a época da escravidão até os dias atuais. “No início, eu pensava que sabia [sobre o tema]. Quando eu fui estudar, eu vi que eu tinha um conhecimento muito superficial da coisa. Muito empírico” conclui a capitã. Segundo ela, os cursos estão sendo essenciais para que os agentes fiquem mais atentos nas abordagens policiais. 

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Maria Eugênia Melo

Maria Eugênia Melo

Nortista, de Palmas capital do Tocantins. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Tocantins.

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