5 samples negros que fazem de “Don’t Tap The Glass” o álbum mais dançante de Tyler, The Creator

Tyler, The Creator convida a dançar e desconectar em novo álbum repleto de samples negros

Tyler, The Creator convida a dançar e desconectar em novo álbum repleto de samples negros Foto: Divulgação imprensa

Lançado de surpresa nesta segunda-feira (22), Don’t Tap The Glass é o novo disco de Tyler, The Creator que propõe uma ruptura com o vício digital e um retorno à pista de dança. Misturando crítica social e samples negros, o rapper californiano usa as referências que vão do soul ao rap dos anos 2000 para construir uma trilha sonora de celebração e resistência. Com produção vibrante e recados sutis, o álbum convoca corpos pretos ao centro longe das telas e perto do som.

“Roked” – Shye Ben Tzur, Johnny Greenwood & The Rajasthan Express

Tyler abre o disco com uma faixa que atravessa fronteiras e sonoridades. Em “Big Poe”, ele sampleia “Roked”, uma canção que mistura influências do Oriente Médio e do sul asiático. O termo roked, que significa “dançar” em hebraico, dá o tom do álbum: corpo em movimento, alma vibrando. A escolha reflete a busca de Tyler por ritmos que escapam do mainstream e conectam espiritualidade e pista de dança.

“Pass the Courvoisier Part II (Remix)” – Busta Rhymes feat. Pharrell & P. Diddy
Ainda em “Big Poe”, a batida é interrompida por uma amostra vocal de um dos clássicos do rap dos anos 2000: “Pass the Courvoisier Part II”. A faixa, que junta Pharrell e Diddy com Busta Rhymes, foi feita para incendiar clubes e festas, e Tyler resgata esse espírito para convocar o ouvinte a se soltar. Mais que nostalgia, a citação é um gesto de reverência ao legado do rap negro que sempre moveu corpos e narrativas.

“Off the Wall” – Michael Jackson
Em “Ring Ring Ring”, a linha de baixo inconfundível de “Off the Wall”, de Michael Jackson, é o coração pulsante da música. Lançada em 1979, a faixa original ajudou a definir o soul pop moderno e Tyler a transforma em combustível para um convite à libertação. Com esse sample, o rapper aproxima seu novo som da estética vibrante da disco music e do legado cultural de MJ, símbolo de reinvenção negra e transgressão artística.

“Knuck If You Buck” – Crime Mob
A virada mais explosiva vem em “I’ll Take Care of You”, quando o clima suave é interrompido por um sample de “Knuck If You Buck”, o hino crunk do grupo Crime Mob. Lançada em 2004, a faixa é símbolo de resistência sonora e força das ruas de Atlanta. Ao incluir esse sample, Tyler conecta sua ode à dança com a energia bruta das pistas do sul dos EUA, onde o rap é grito, corpo e luta.

“Cherry Bomb” – Tyler, The Creator
Em um gesto autorreferente, Tyler sampleia a própria música “Cherry Bomb”, de 2015, para construir as baterias da mesma “I’ll Take Care of You”. Ao fazer isso, ele revisita sua fase mais experimental, cheia de ruídos e distorções, e mostra que sua trajetória é cíclica sempre voltando ao caos criativo que o formou. Com isso, Don’t Tap The Glass se revela também como um diálogo entre suas versões passadas e presentes.

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Rafaela Oliveira

Rafaela Oliveira

Rafaela Vitória é graduanda em Jornalismo, nascida no Maranhão, com atuação profissional em mídias sociais e audiovisual, e interesse em narrativas sobre raça e cinema.

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