Um levantamento realizado a partir de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), mostrou que mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada e 100 milhões de pessoas não possuem tratamento de esgoto no Brasil. O estudo do Instituto Trata Brasil, publicado nesta terça-feira (22), dia que é comemorado o Dia Mundial da Água, fez um levantamento das 100 maiores cidades do país e analisou os dados.
Entre os anos de 2019 e 2020, a cobertura de água tratada aumentou de 93,5% para 94,4%. Por outro lado, a perda de água também aumentou, de 35,7 para 36,3% no mesmo período. Para a diretora-executiva da Trata Brasil, Luana Pretto, mesmo com a melhoria em alguns indicadores, o ritmo é muito lento e exige mais celeridade nos processos. “A tendência de melhora é baixa. Nós vemos um ganho de 0,9, 1,2 e 1,9 ponto percentual nos indicadores, o que ainda é muito pouco para a realidade que nós temos no país”, afirma em entrevista ao G1.
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Ainda segundo ela, a comparação entre as 20 melhores e 20 piores cidades do país chega a ser desoladora. “Existe uma discrepância muito grande. A população atendida com coleta de esgoto nas melhores é de 95,5%, enquanto que, nas piores, é de 31,8%”, comenta.
Regionalização
Os estados do sul e sudeste apresentam os melhores índices de investimentos e, consequentemente, os melhores resultados. Santos (SP), Uberlândia (MG), São José dos Pinhais (SP) e São Paulo (SP), todas no sudeste, encabeçam a lista dos melhores índices. Já na outra ponta, Macapá (AP), Porto Velho (RO), Santarém (PA) e Rio Branco (AC) são as piores cidades em saneamento básico no país.
“Essa diferença está relacionada ao estabelecimento de políticas públicas que incentivem o saneamento. O Sudeste é muito forte em termos de política pública e de estabelecimento de metas. Já o Norte é uma região em que, muitas vezes, as empresas do setor foram sucateadas. Não há investimento adequado”, lamenta Pretto.
Em relação à coleta de esgoto, Pretto ressalta que algumas cidades, como Ananindeua, no Pará, que coleta apenas 4,1%, é necessário metas e políticas públicas para melhorias e médio e longo prazos. “São cidades que geralmente não têm planos municipais de saneamento e não há o estabelecimento de metas, nem a fiscalização e o aporte de recurso para realizar estas metas”, finaliza.