Lançada pelo SescTV em novembro, a série documental “Sons do Refúgio”, dirigida por Pedro Francischelli e composta por dez episódios, traz a história, em janeiro, de dois músicos e um grupo feminino de rappers. Provenientes de Cuba, Bolívia e Congo, todos têm em comum o fato de serem imigrantes que vivem no Brasil e buscam reconhecimento profissional por meio de sua expressão artística no país que escolheram para morar. As exibições ocorrem às quartas-feiras, sempre às 21h.
O primeiro episódio irá ao ar em 4/1 e tem como protagonista Pedro Bandeira, nascido e criado em Cuba, onde se graduou em música. Chegou a São Paulo há 17 anos e a única pessoa que conhecia era o pianista também cubano, Yaniel Matos. Com o tempo pavimentou uma carreira artística, tornando-se conhecido na cena cultural da cidade. Bandeira é o idealizador e líder do Batanga e Cia, que apresenta ao público brasileiro a música cubana que foge dos estereótipos clássicos da Salsa, do Mambo e do repertório popularizado pela banda Buena Vista Social Club. Além dele, que é percussionista, o grupo é formado por Hanser Ferrer (piano e percussão), Claudia Rivera (flauta e piano), Gustavo Martinez (contrabaixo), Alexis Damian de Armas (percussão) e Fernando Ferrer Jr. (saxofone).
No programa, ele mostra seus instrumentos percussivos e explica a origem do ritmo Batanga, criado no final dos anos 40 para se contrapor ao Mambo que, na percepção dos tradicionais cubanos, estava americanizado. Na companhia de alguns companheiros do grupo e sob a direção musical de Beto Villares, convidado especialmente para a série, Bandeira apresenta a música “Ijé”.
Em 11/1 será apresentada no programa Sons do Refúgio, a trajetória das irmãs bolivianas Jenny, Pamela e Abigail Llanque, que formam o grupo de rap Santa Mala. Com ascendência inca, as irmãs orgulham-se de suas origens e têm em suas músicas uma fala de protesto e empoderamento feminino. Para elas, a inspiração para o Rap surgiu quando estudavam com amigas que curtiam o estilo e passaram, então, a partir da literatura, se envolver com textos que abordavam a realidade de meninas pobres, que as inspirou a começar uma carreira de militância.
No episódio de Sons do Refúgio, Jenny conta que decidiu vir para o Brasil tentar a sorte fazendo o que muitos bolivianos tiveram como único caminho: trabalhar com a costura no bairro do Brás. Depois de um tempo Abigail também veio para aprender o ofício com a irmã e logo depois Pâmela se juntou às irmãs. Com a ajuda do rapper latino Bryan Luiz Rodriguez Vera, começaram a produzir músicas e postar no Youtube, que deu a elas primeiros destaques. Sobre o nome do grupo, contam que surgiu no sentido de mostrar as mulheres fortes que são: Santa de tranquilidade e Mala, de coragem de enfrentar.
Radicado no Brasil desde 1993, quando decidiu deixar Angola, onde morava, para se afastar da guerra, o congolês Sergio Zola Star conta sua história no documentário que será exibido em 18/1. Filho de pai angolano e mãe congolesa, ele nasceu e cresceu sob a ditadura vigente no Congo, mas também morou em Angola. Ainda criança, observou a mãe cantando em cultos religiosos e aprendeu, sozinho, a tocar bateria e instrumentos de corda. Desenvolveu grande tino musical, assim como seus irmãos, com quem formou sua primeira banda.
Ao sair de Angola, encontrou no Rio de Janeiro um povo com o qual se identificou e meios para se reerguer: trabalhou com obras, foi pintor de parede, operador de caixa e motorista de ônibus, sempre em paralelo com a música. Tendo como referências naturais de sua terra o ritmo percussivo e a melodia, no Brasil ele se encantou com as belas harmonias na MPB e logo se inseriu na cena musical. Suas composições revisitam os ritmos congoleses, o Ndongolo, o Soukous, a Rumba, com algumas incursões no Semba, da sua segunda terra, Angola. Além de contar sua trajetória pessoal e artística, neste episódio Zola grava, em estúdio de áudio, a música “Beleza Pura”, sob direção musical de Beto Villares.
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A série “Sons do Refúgio” retrata a vida de pessoas em situação de refúgio, migrantes e exilados no Brasil contemporâneo mediada pela música – uma expressão cultural que desconhece fronteiras e aproxima as pessoas, rompendo barreiras de língua, de raça, de classe e de nacionalidade. Tendo em cada episódio um artista ou banda de diferentes regiões do planeta como protagonista, a série aborda questões complexas, como o trauma, o deslocamento, a hostilidade, o preconceito, a hospitalidade e o acolhimento sob uma forte conotação humanista. Os episódios são lançados sempre às quartas-feiras, às 21h, com reapresentações às quintas-feiras (10h); sextas (15h30); sábados (19h); domingos (17h) e segundas (23h).
Sobre o SescTV
O SescTV é um canal de difusão cultural do Sesc em São Paulo, distribuído gratuitamente, que tem como missão ampliar a ação do Sesc para todo o Brasil. Sua programação é constituída por espetáculos, documentários, filmes e entrevistas. As atrações apresentam shows gravados ao vivo com variadas expressões da música e da dança contemporânea. Documentários sobre artes visuais, teatro e sociedade abordam nomes, fatos e ideias da cultura brasileira em conexão com temas universais. Ciclos temáticos de filmes e programas de entrevistas sobre literatura, cinema e outras linguagens artísticas também estão presentes na programação.