Os protestos que tomam conta de Moçambique desde 24 de outubro ganharam novos contornos nesta quarta-feira (04), com o governo do presidente cessante Filipe Nyusi endurecendo sua postura contra as manifestações lideradas pelo candidato de oposição Venâncio Mondlane. Segundo dados da Plataforma Eleitoral DECIDE, a repressão aos atos já resultaram na morte de 76 pessoas, 240 feridos por tiros e mais de três mil detenções.
O governo continua sendo pressionado pela população, mas apesar das críticas, mantém sua postura repressiva. O ministro do Interior, Pascoal Ronda, garantiu que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) usarão “todos os meios” disponíveis para evitar a interrupção de atividades sociais e o funcionamento de instituições.
Em resposta às críticas de uso excessivo de força, Ronda argumentou que as ações visam à proteção proporcional de infraestruturas públicas e privadas.
Contudo, o governo enfrenta crescente pressão internacional. A União Europeia condenou “a utilização excessiva de força” e exigiu o fim da repressão violenta. A denúncia da polícia de que um veículo blindado avançou deliberadamente contra manifestantes no centro de Maputo, atropelando uma pessoa, agravou as tensões.
Mobilização nos bairros
Mondlane, que alega ter vencido as eleições de 9 de outubro apesar dos resultados oficiais indicarem vitória de Daniel Chapo, convocou uma nova fase de protestos, que deve se estender até 11 de dezembro. Em uma transmissão ao vivo, na última segunda-feira (02), ele pediu que os manifestantes se concentrem em avenidas principais dentro de seus bairros.
“Vão-se concentrar nos bairros e nas avenidas principais que atravessam os nossos bairros – não temos necessidade de fazer grandes deslocações – levantando os nossos cartazes”, pediu o candidato de oposição.
Enquanto isso, o Conselho Constitucional analisa os resultados eleitorais para decidir sobre sua validação. Nyusi, por sua vez, alterou o formato de diálogo, optando por ouvir individualmente os outros candidatos opositores, já que estes se recusam a participar de reuniões conjuntas sem a presença de Mondlane.
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