Há mais de uma semana o estado do Rio Grande do Sul enfrenta a maior enchente de sua história, em decorrência de fortes chuvas que atingiram a região. Com mais de 1,4 milhão de pessoas afetadas, o economista Wallace Borges, afirma que o estado deve registrar impactos alarmantes a longo prazo na população.
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“O aumento da pobreza está dado visto que as famílias vão precisar incorrer em o uso de seus recursos acumulados para gastos inesperados. Isso vai fazer com que o pouco que as famílias tem em sua conta corrente ou até mesmo valores guardados dentro de casa, sejam utilizados nesse momento, fazendo as famílias gastarem tudo o que tem. Isso já configura o aumento da pobreza“, pontua o economista, em entrevista ao Notícia Preta.
Mas o especialista ainda pontua que “existe um colapso na infraestrutura e no sistema de proteção estadual” como abrigos, restaurantes populares e unidades de saúde, que segundo ele, são o “motivo principal que vai acentuar a pobreza no estado” revelando “um cenário de pobreza total“.
De acordo com Wallace, formado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), os impactos econômicos causados pelas enchentes nas cidades gaúchas tem potencial de afetar o Produto Interno Bruto (PIB).
“A região Sul é responsável por diversos itens da pauta exportadora. Como esses itens não existem mais e nem podem ser replantados, a tendência é de queda no PIB, entretanto a produção econômica de outras regiões podem suavizar a queda ou até mesmo a ação do governo federal pode colaborar para que o PIB não caia ou o impacto seja ínfimo“, afirma o especialista.
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O estado é responsável por 70% da produção de arroz do Brasil, que se perdeu por conta das enchentes, e que de acordo com Wallace, “vai impactar negativamente no PIB sim, não há dúvida” além da possibilidade de desabastecimento. Visando diminuir os impactos, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro afirmou que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai comprar o produto já industrializado e empacotado no mercado internacional.
Ainda pensando no cenário de pobreza que pode se instalar no estado após a tragédia das chuvas, o economista afirma que para a economia brasileira representa “a necessidade de gastos públicos municipais, Estaduais e federais que podem pressionar a inflação resultando em aumento desta” e “a extinção de empresas e empregos“.
O especialista afirma que as medidas adotadas pelo governo, podem ajudar a amenizar a pobreza na região Sul já que “a necessidade de reconstrução do Rio Grande do Sul apenas o Estado pode fazer“, mas sobre a redução da pobreza, Wallace afirma que existe um limite de ação do governo federal. “Não vamos obter resultados diferentes, fazendo as mesmas coisas. Ou seja, o RS na sua reconstrução não vai poder ser polo de agricultura intensiva“, exemplifica o economista.
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