Uma mulher, em Vitória da Conquista, município do sudoeste da Bahia, recorreu à tática de solicitar uma pizza, como forma de comunicar um caso de violência doméstica à polícia. Ela fez uma chamada para o número de emergência 190, solicitando ajuda ao Centro Integrado de Comunicações da Segurança Pública (Cicom), uma ferramenta da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).
Usando essa abordagem, a vítima conseguiu informar os policiais sobre as ameaças que enfrentava por parte de seu ex-parceiro. A partir dessa ligação, o suspeito foi detido e levado para uma delegacia especializada na cidade. De acordo com relatos da SSP-BA, o incidente ocorreu na última quarta-feira, dia 30.

relatou que a interação levou apenas 1 minuto e 12 segundos.
Foto: Márcia Santana/SSP-BA
“Gostaria de fazer um pedido de uma pizza”, solicita a mulher. “Está passando trote para a Polícia Militar?”, questiona o atendente. “Não, gostaria de fazer um pedido de uma pizza”, insiste a mulher. “A senhora está sendo ameaçada?”, questiona o funcionário. “Sim, sim”, confirma a vítima.
O operador do Cicom foi capaz de perceber a gravidade da situação. Um áudio do atendimento, disponibilizado pela Polícia Militar, mostra que a mulher encontrou uma brecha para discretamente explicar o que estava acontecendo. Depois de compreender a situação, o atendente prontamente enviou uma viatura para o local onde a mulher estava.
“Estamos realizando instruções constantemente para o atendimento de ocorrências como essa. Por isso, nosso atendimento conseguiu identificar o risco e agir de forma eficaz”, afirmou o Major.

O homem, que havia agredido a mulher, tentou resistir à detenção e precisou ser contido utilizando projéteis de borracha. Ele mostrava resistência ao término do relacionamento e ameaçava sua ex-companheira. O agressor foi levado à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), na cidade.
Casos como esse se tornam cada vez mais recorrentes, como forma encontrada por mulheres vítimas de violência doméstica, de conseguir denunciar seus agressores às unidades competentes. Outra mulher, vítima de violência doméstica, recebeu assistência da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS), depois de contatar o 190 e solicitar uma “dipirona”. O incidente ocorreu em Campo Grande e foi relatado nesta terça-feira (5).
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A mulher foi localizada sem lesões graves e o agressor foi detido. Dias mais tarde, ela voltou a ligar para o batalhão e expressou sua gratidão pelo apoio que recebeu dos policiais. Ao perceber que o uso da palavra “dipirona” sinalizava um caso de emergência, o policial começou a fazer perguntas em código para identificar quem era o agressor e a gravidade da situação de violência.
“A senhora confirma aí, se for positivo a informação, a senhora fala dipirona novamente. É seu marido?”, disse o policial. “Sim, é a dipirona, sim”, respondeu a vítima. “Agora fala a intensidade da agressividade aí, em miligramas, 10 miligramas, 20 miligramas ou 30 miligramas. Qual é a intensidade da agressividade dele?”, perguntou o Policial Militar. “30”, finalizou a vítima.
“Dias depois, aquela voz retornou. Não para pedir ajuda, mas para agradecer. O socorro chegou a tempo. Sempre que conseguimos impedir e trazer um alívio para as vítimas e a família, é extremamente gratificante”, informou um membro da corporação.
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