A Mostra Pernambucana de Breaking Ginga Bboys e Bgirls dá continuidade à programação com as batalhas de breaking, entrando em ação neste sábado (05) e domingo (06), na quadra esportiva da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Dom Sebastião Leme, das 10h às 17h, na comunidade do Ibura, em Recife (PE).
A mostra está celebrando a sua 16ª edição com a realização de diversas atividades artísticas de compartilhamento e formação dentro da própria periferia, em parceria com a escola estadual. A Ginga Bboys e Bgirls existe desde 2008 e tem a produção do professor e sociólogo Sérgio Ricardo, além de coordenador do projeto.

“As danças urbanas são educativas, uma vez que destaca a identidade da periferia, assim como a conscientiza sobre a importância da cultura de paz, contribuindo dessa forma para a sociedade. Além do mais, traz a diminuição da depredação do patrimônio público, justamente pelos laços de pertencimento que são fortalecidos entre comunidade e escola pública. O movimento hip hop está presente em espaços educacionais”, destaca.
Neste sábado (05), a batalha de breaking acontece em duelo 1×1, com 32 participantes e a presença de pessoas pernambucanas e nordestinas escolhidas para atuar artisticamente (Dj: Renna; Mc: Okado do Canal; jurado: Pacheco – Bboy). Além de troféus e brindes, o 1º, 2º e 3º lugares recebem premiações em dinheiro: campeão (R$ 1.000); vice-campeão (R$ 800); 3º colocado (R$ 350).
Já no domingo (06) é a vez da batalha 3×3, composta por 16 grupos e crews participantes, mais a seguinte formação profissional – Dj: Phino; Mc: Foguinho; Corpo de jurados: Supreme Boyz Crew, de João Pessoa, capital da Paraíba. A premiação para este duelo é a seguinte: 1º lugar (R$ 4.000 + troféus e brindes); 2º lugar (R$ 2.000 + troféus e brindes); 3º lugar (R$ 1.000 + troféus e brindes).
Toda esta programação de arte, cultura, educação e lazer ocorre na Erem Dom Sebastião Leme. Iniciadas em março deste ano, as ações estão distribuídas ao longo de nove meses seguidos, com a conclusão das atividades em novembro de 2025. A mostra leva o incentivo da Prefeitura da Cidade do Recife por meio do edital Recife Virado na Periferia (PNAB-Recife/PE – 2024). Vale reforçar que a iniciativa também é um espaço de criação artística, da coletividade e de expressão da identidade, onde as habilidades criativas são desenvolvidas juntamente com temáticas racial, social, de gênero, política, cultural e educativa.
“O objetivo é sempre para além do empoderamento da cultura hip hop, a partir das danças urbanas, presente no Estado de Pernambuco desde 1983. Isso porque, dentro das periferias, buscamos o fortalecimento da base social, econômica e produtiva. E por isso estamos na luta para formar ainda mais jovens da rede pública de ensino, dialogando diretamente com a cultura hip hop”, declara.
Além dos campeonatos de breaking, a mostra reúne oficinas de danças urbanas (breaking e popping), rodas de diálogo sobre o movimento hip hop e curso de elaboração, gestão e prestação de contas de projetos culturais.
As inscrições para as oficinas de danças urbanas foram abertas para o público em geral, com prioridade para estudantes, jovens de escolas públicas, moradores e moradoras da própria comunidade local, sem vínculo institucional com o Erem Dom Sebastião Leme. As pessoas com menos de 18 anos de idade apresentam a declaração de permissão dos pais ou responsáveis para validar a participação. A vivência ocorre aos sábados, sempre das 14h às 16h, com duração de mais de quatro meses. Começou no dia 22 de março e vai até 2 de agosto, totalizando 20 encontros na quadra esportiva do Erem.
As oficinas são facilitadas por Dayvid Denner (mais conhecido como Foguinho), Diego Santos (nome artístico: DK) e Hugo Henrique (artisticamente chamado de Checkmate), todos eles arte-educadores e Bboys pernambucanos.
“Esses encontros também fortalecem o debate sobre as políticas públicas de juventude, educação e lazer, sobretudo enquanto cidadania e melhora da qualidade de vida, tanto de autoestima como de identidade. Os benefícios para a população se traduzem na geração de emprego e consequentemente renda, e a cultura hip hop tem grupos e indivíduos profissionais que colaboram diretamente para a inclusão social e produtiva, com a realização de campeonatos, palestras, oficinas e shows”, acrescenta Sérgio.
Exclusivas para estudantes do Erem Dom Sebastião Leme, as rodas de diálogo sobre o universo da cultura hip hop e do breaking em Pernambuco abriram as atividades da mostra em 2025, trazendo cinco temas e a mediação de Sérgio Ricardo. A primeira das temáticas — “A história do surgimento da cultura hip hop nos Estados Unidos e sua difusão no mundo” — foi debatida no dia 14 de março. Os outros encontros aconteceram nos dias 21/03 (“O papel das danças urbanas na promoção da cidadania, direitos humanos e cultura de paz”) e 28/03 (“Danças urbanas enquanto instrumento de educação, fortalecimento de identidade afrodescendente e letramento racial”).
Os debates continuam neste mês de abril, com pauta no dia 04/04 (“O breaking enquanto expressão das ruas e sua relação com o mundo dos negócios”. Já a conclusão está marcada para o mês de maio, dia 04/05, destacando a temática “A importância das danças urbanas como forma de expressão cultural e social nas periferias das grandes capitais do Brasil”.
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