Um violento ataque armado foi registrado na tarde de quarta-feira (1º) contra a Aldeia Kaí, localizada no território indígena Comexatibá, no extremo sul da Bahia. De acordo com informações apuradas pelo Brasil de Fato, aproximadamente quarenta homens armados invadiram a comunidade e atiraram contra os moradores, causando pânico. Dois indígenas ficaram feridos durante a investida.
As vítimas são o líder comunitário Ricardo Pataxó, que já está fora de perigo, e um jovem ainda não identificado, que teria sido atingido na cabeça. O estado de saúde do jovem permanece sem divulgação.
O Conselho de Caciques Pataxó atribuiu o ataque a um fazendeiro da região, acusado de ser o mandante e financiador da ação. A entidade relatou que um ônibus com adolescentes e indivíduos armados foi interceptado. Segundo o conselho, os ocupantes confessaram ter recebido pagamento para participar do crime.

Em publicação nas redes sociais, o conselho afirmou: “Esta ação faz parte de um ciclo de ataques promovidos por grupos armados ligados a interesses do latifúndio, da especulação imobiliária e de grileiros de terras indígenas, que transformam o Extremo Sul da Bahia em palco de sangue e injustiça”.
A demora na demarcação definitiva da terra indígena foi apontada como a causa principal da violência constante. O coletivo indígena alega que a falta de reconhecimento oficial do território gera impunidade para os invasores.
Em resposta aos fatos, a Defensoria Pública da União (DPU) exigiu ações rápidas das autoridades. A Defensoria Nacional de Direitos Humanos (DNDH) emitiu um ofício classificando o caso como uma “grave violação aos direitos humanos” dos povos originários.
O documento foi enviado para a Polícia Federal na Bahia, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-BA). A DPU pediu uma investigação imediata e coordenada para proteger a comunidade e responsabilizar os culpados.
A SSP-BA informou, em nota, que já intensificou o policiamento na área com o apoio da Força Nacional. A pasta também destacou que a Polícia Civil está conduzindo as investigações. Denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo Disque Denúncia da SSP, no número 181.
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