Na tarde da última quarta-feira (28), uma mãe registrou boletim de ocorrência por injúria racial após sua filha sofrer racismo, homofobia e preconceito de classe de quatro estudantes da Escola Eleva, na qual frequentava. A vítima tem 12 anos e foi ofendida em um grupo de mensagens instantâneas.
O caso aconteceu em 6 de agosto após um desentendimento da vítima com uma adolescente da escola. Através de um grupo do WhatsApp, uma das agressoras comentou a situação e foi, então, que as ofensas contra a vítima foram proferidas, também, por outras integrantes. A vítima foi chamada de forma pejorativa de “preta, gorda, pobre, lésbica e bolsista”.
Tanto a vítima, como as adolescentes estudam na Escola possuem a mesma faixa etária. A vítima é bolsista da escola, devido a sua madrasta ser professora da instituição.
Trechos das ofensas foram divulgadas por uma das adolescentes, através de um vídeo nas mídias sociais, seguido de uma série de prints da conversa onde a vítima foi ofendida. O vídeo se espalhou entre os estudantes da escola e toda a situação causou sérios danos psicológicos à vítima, como afirma a mãe.
Leia mais: Medalhista olímpico Esquiva Falcão é vítima de ataques racistas nas redes sociais
Estudante de direito faz publicação racista e é expulsa da Unifan
Com a exposição do vídeo, a coordenação da Escola Eleva, unidade Barra da Tijuca, tomou ciência do ocorrido em agosto, antes da mãe da vítima ficar sabendo. Como explica, mesmo após o caso chegar até a coordenação da escola, ela não foi informada sobre o ocorrido com a sua filha.
“Minha filha presenciou uma situação bem desconfortável, já que todos sabiam do ocorrido, menos as mães dela. Com o vídeo espalhado por toda a escola, e os prints do vídeo, ela foi pedir ajuda para uma professora, com vistas a encontrar a melhor forma de contar sobre o caso em casa. Cabe salientar que o assunto causou comoção e publicidade antes mesmo que eu soubesse dos fatos”, comentou a mãe.
Mãe afirma que Escola Eleva não deu suporte
Após tomar ciência do acontecido, somente no dia 11 de agosto, ela conta que entrou em contato com a coordenação da escola para solicitar uma reunião urgente e foi informada, na reunião, que os pais das adolescentes já estavam cientes do ocorrido e que a escola iria punir as estudantes. Segundo a mãe, ainda foi pedido que ela repensasse sobre o registro do boletim de ocorrência. Uma reunião com a direção da instituição foi solicitada, mas não teve retorno.
“Eu, como mãe da vítima, precisei ligar para a escola para saber mais informações e me desloquei até a lá para uma reunião presencial. Foram semanas bem difíceis, nós ficamos muito paralisadas e demoramos para buscar qualquer tipo de ajuda ou orientação”, declarou.
Ainda segundo a mãe, foi apenas em uma reunião do grupo de mães antirracistas Repare que a direção informou que estava tomando providências sobre os casos de racismo ocorrido na instituição, como treinamentos futuros para funcionários, e que tinha passado o filme “O contador de histórias” como medida educativa para as adolescentes que fizeram as ofensas.
A mãe da garota comenta que a escolha do filme foi inapropriada para a idade das estudantes e que a escola não deu assistência para a sua família. “A gente está sofrendo, mas vamos lutar. Mesmo que seja exposição, mesmo que seja sofrimento. A escola não deu suporte psicológico. Me ofereceram uma terapeuta com desconto e uma bolsa parcial”, contou.
A mãe cita que este caso de racismo “não é o primeiro, nem o segundo e não será o último” na escola. Outros alunos já receberam ofensas racistas e, segundo ela, nenhuma providência foi tomada. Sobre as ofensas homofóbicas contra a sua filha, ela acredita que foram proferidas não somente da orientação sexual da garota, mas também por ela possuir duas “mães”.
A Escola Eleva é uma franquia e, em seu site institucional, está descrito que a sua missão é “formar uma nova geração de líderes capazes de fazer a diferença em suas vidas e de contribuir para um mundo melhor”.
A escola
Em nota enviada à redação, a Escola Eleva informou que se solidariza com a aluna e repudia qualquer tipo de preconceito. “Tão logo soubemos da situação, que não ocorreu dentro do campus, aplicamos medidas disciplinares, pedagógicas e formativas aos alunos e, desde então, estamos tomando ações acolhedoras para os envolvidos e suas famílias”.
“Contamos com um grupo de responsáveis fortemente ativo nesse tema, o projeto antirracista Repare, formado por responsáveis das unidades de Botafogo e Barra, e que tem total apoio de nossa comunidade escolar”, finaliza a nota.
0 Replies to ““Preta, gorda, pobre”, mãe denuncia racismo sofrido pela filha em escola no RJ”