Em carta no NYT, Lula critica tarifa de Trump e diz que democracia brasileira não está à venda

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou neste domingo (14) um artigo no jornal norte-americano The New York Times, em que responde diretamente ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após semanas de tensão diplomática e comercial entre os dois países. Com tom firme, Lula declarou que o Brasil está disposto a negociar com os Estados Unidos, mas reafirmou que há limites inegociáveis: “A democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta”.

A publicação ocorre pouco mais de dois meses após Trump impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que entrou em vigor em agosto e foi vista por analistas como uma retaliação política. Na carta, Lula contesta o motivo alegado por Trump para o aumento da tarifa: o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal. “Não se tratou de uma ‘caça às bruxas’. O julgamento foi resultado de procedimentos conduzidos em conformidade com a Constituição Brasileira de 1988, promulgada após duas décadas de luta contra uma ditadura militar”, escreveu.

Lula com boné brasil é dos brasileiros

Lula afirmou ainda que “a decisão foi tomada após meses de investigações que revelaram planos para assassinar a mim, ao vice-presidente e a um ministro do Supremo Tribunal Federal”. Segundo o presidente brasileiro, também foi descoberto “um projeto de decreto que teria efetivamente anulado os resultados das eleições de 2022”.

O artigo também trata da questão ambiental. Trump acusou o Brasil de não combater de forma eficaz o desmatamento ilegal. Lula rebateu a crítica, afirmando que “nos últimos dois anos, reduzimos pela metade a taxa de desmatamento na Amazônia” e que “somente em 2024, a polícia brasileira apreendeu centenas de milhões de dólares em bens usados em crimes ambientais”.

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Sobre as acusações americanas de censura contra empresas de tecnologia, Lula foi direto: “É desonesto chamar de censura a regulação, sobretudo quando o que está em jogo é a proteção de nossas famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio”. E completou: “A internet não pode ser uma terra sem lei, onde pedófilos e abusadores tenham liberdade para atacar nossas crianças”.

O presidente também defendeu o Pix, sistema de pagamentos digitais criado no Brasil, criticado por Washington por supostamente prejudicar empresas americanas. “Ao contrário de prejudicar operadores financeiros dos EUA, o Pix possibilitou a inclusão financeira de milhões de cidadãos e empresas”, escreveu Lula.

Por fim, Lula reforçou seu posicionamento: “Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta”.

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