Cerca de 2 milhões de jovens concluem o ensino médio anualmente, em redes públicas de ensino, e mais de 1,9 milhão não conseguem resolver problemas matemáticos como porcentagem ou usar o Teorema de Pitágoras. É o que revela um levantamento realizado pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), com base nos dados do nos resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Seab), principal termômetro da educação brasileira.
O levantamento revela ainda que a pandemia da Covid-19 piorou essa situação, mas, mesmo antes da crise sanitária, o percentual de jovens que não tinham desempenho adequado era de 93%, de acordo com o levantamento do ano de 2019.
Além disso, nenhum Estado tem destaque no indicador. O melhor desempenho geral é do Espírito Santo, que chega a 11,2% dos alunos que finalizam o ensino médio com nível adequado de matemática. Outros quatro entes da federação não atingem 2% dos estudantes em situação satisfatória na disciplina.
Segundo o levantamento, as redes estaduais de ensino são as piores quando o assunto é ensino de matemática. 80% dos estudantes que saem do ensino médio sem uma estrutura adequada, estavam matriculados em escolas estaduais. “Mesmo antes da pandemia, o ensino de matemática no Brasil não era efetivo. O fechamento das escolas piorou uma situação que já era muito ruim. É preciso que haja um olhar urgente para essa tragédia que está acontecendo no país”, afirma o relatório.
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Ensino básico
Os primeiros anos de estudos já aparecem como comprometedores para o ensino de matemática. Do 1º ao 5º ano, o percentual de alunos que não têm ensino adequado chega a 36,7% no ano de 2021, já em 2019, último ano antes da pandemia, o índice era de 47%. Em relação aos demais anos, do 6º ao 9º, o percentual de aprendizagem adequada despenca para 15,3%. Em 2019, antes da crise sanitária, era de 18%.
“O ensino vai muito mal de uma maneira geral no país, mas em matemática os dados são ainda mais preocupantes. Só ter 5% aprendendo o adequado significa que a política e a estratégia de ensino estão erradas”.
Língua portuguesa
Outro gargalo, mas não tão grave quanto a matemática é a língua portuguesa. 31,3% dos alunos saem do ensino médio sem um aprendizado adequado da disciplina que é uma das mais importantes da grade curricular, uma vez que é a língua-pátria.
“Para avançar, o aluno precisa ter os conhecimentos iniciais muito bem consolidados. No Brasil, só se garante essa base para um terço dos alunos. É claro que esse índice vai diminuir ao longo da trajetória escolar”, finaliza o relatório.