O grupo terrorista Hamas declarou no último final de semana que está aberto a colaborar com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, para o envio de assistência aos reféns que detêm em Gaza, caso Israel atenda a certas exigências. Esse pronunciamento ocorreu após o surgimento de um vídeo que mostrava um refém israelense em grave estado de desnutrição, gerando críticas contundentes de nações ocidentais.
Israel permitirá a entrada gradual e controlada de bens em Gaza através de comerciantes locais. Este dado foi compartilhado nesta terça-feira (5), pela Cogat, agência militar de Israel, responsável pela coordenação da assistência humanitária. Representantes palestinos, e da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmam que Gaza requer a entrada de aproximadamente 600 caminhões de ajuda, diariamente, para satisfazer as necessidades humanitárias.

“O objetivo é aumentar o volume de ajuda que entra na Faixa de Gaza, ao mesmo tempo em que se reduz a dependência da coleta de assistência por parte da ONU e de organizações internacionais”, informou a agência.
De acordo com autoridades israelenses, ainda restam 50 reféns em Gaza, dentre eles, apenas 20 são considerados vivos. O grupo Hamas, até o presente momento, tem bloqueado o acesso de organizações humanitárias aos reféns, e as famílias possuem pouca, ou nenhuma, informação sobre suas condições.
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As conversas indiretas entre o Hamas e Israel, com o objetivo de estabelecer o cessar-fogo, após 60 dias de guerra em Gaza, e uma proposta para a liberação de metade dos reféns, chegaram a um impasse na semana passada. No sábado (2), o enviado dos Estados Unidos, no Oriente Médio, Steve Witkoff, informou às famílias dos reféns detidos que estava colaborando com o governo israelense para acabar com o conflito em Gaza.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez do término das hostilidades uma das suas principais prioridades, embora as negociações não tenham avançado. Witkoff está em Israel enquanto seu governo enfrenta crescente pressão devido ao agravamento das condições humanitárias na região. Em reunião sobre a questão, Witkoff afirma:
“Temos um plano muito, muito bom no qual estamos trabalhando coletivamente com o governo israelense, com o primeiro-ministro Netanyahu… para a reconstrução de Gaza. Isso significa efetivamente o fim da guerra.”

A Casa Branca não forneceu uma resposta imediata ao pedido de comentário sobre suas declarações. Witkoff também mencionou que o Hamas estava disposto a se desarmar para pôr fim à guerra, apesar do grupo ter afirmado várias vezes que não iria desistir de suas armas. Em resposta, o Hamas, que controla Gaza desde 2007, mas foi militarmente superado por Israel durante o conflito, declarou que não renunciaria à “resistência armada”, a menos que um “Estado palestino independente e plenamente soberano, com Jerusalém como sua capital” fosse estabelecido.
A situação humanitária em Gaza tem gerado uma preocupação global. Neste domingo, pelo menos mais seis pessoas morreram de fome na região, de acordo com uma autoridade israelense. Na terça-feira passada, o Catar e o Egito, atuantes na mediação das tentativas de cessar-fogo, apoiaram uma declaração emitida pela França e pela Arábia Saudita, que propõe medidas visando uma solução de dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos.
Israel atribuiu ao Hamas a responsabilidade pelo sofrimento presente em Gaza, e afirmou a implementação de ações para facilitar a chegada de mais assistência à população, incluindo a suspensão dos combates durante o dia em algumas áreas, além de ataques aéreos e a criação de rotas seguras para as caravanas de ajuda. Agências das Nações Unidas relataram que os bombardeios aéreos de alimentos são inadequados, dando foco a ajudas terrestres.
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O conflito em Gaza teve início quando o Hamas executou um ataque no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, resultando na morte de mais de 1.200 indivíduos, e na captura de 251 reféns, conforme informações de Israel. Desde então, a ofensiva do Exército israelense levou à morte de mais de 60.000 palestinos, segundo dados de autoridades de saúde em Gaza.
Neste domingo, a ala militar do Hamas declarou que está disposta a enviar ajuda da Cruz Vermelha aos reféns que estão em Gaza, sob a condição de que Israel estabeleça corredores humanitários permanentes e suspenda “todas as formas de tráfego aéreo” durante a entrega de suprimentos aos reféns.