Exposição Ecos Malês leva arte, memória e resistência na Casa das Histórias de Salvador (BA)

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Em exibição na Casa das Histórias de Salvador, a exposição Ecos Malês propõe uma imersão nas raízes de um dos mais emblemáticos levantes afro-brasileiros do século XIX, a Revolta dos Malês, em Salvador (BA). A mostra reflete a relevância histórica e cultural desse movimento e antecipa a celebração dos 190 anos do levante em 2025. Com curadoria de João Victor Guimarães e co-curadoria de Mirella Ferreira, Ecos Malês reúne 114 obras de 48 artistas, em uma parceria com o coletivo Arquiteturas da Revolta, e está em cartaz até maio de 2025.

A exposição está organizada em três núcleos expositivos – Encontrar, Ruas da Revolta e Inventar (Liberdade e Defesa) – que exploram o contexto histórico da insurreição e seus reflexos na Salvador contemporânea. Cada núcleo aborda um aspecto fundamental da resistência negra e suas formas de reverberação na sociedade.

Fotografia de Helen Salomão – Título Caminho ancestral  – Série Digital na história

Encontrar destaca a importância da reunião e da troca de informações entre os Malês, simbolizando o poder do coletivo. Nesse espaço, as obras fotográficas da artista Helen Salomão, por exemplo, abordam questões de identidade e laços familiares, trazendo à tona as experiências de resistência e afeto no contexto do matriarcado.

Ruas da Revolta reconstrói os cenários urbanos onde o levante tomou forma. O mapa organizado pela equipe de pesquisa com base no romance Um defeito de cor traz uma leitura visual e histórica de Salvador. A artista Rose Afefé, com sua micro cidade Terra Afefé, questiona os conceitos de propriedade e urbanismo, inspirando reflexões sobre reforma agrária e transformação social.

Inventar (Liberdade e Defesa) percorre a espiritualidade e cultura como bases de resistência. Este núcleo conta com obras como as de Karamujinho, cujas gravuras foram feitas com Efun sobre a pele, e de Jasi Pereira, que traz gravuras inéditas sobre sua vivência de retorno à África. A artista Ventura Profana também contribuiu com colagens e vídeo performances que abordam questões de fé, corpo e identidade.

A exposição apresenta ainda esculturas, pinturas, fotografias e intervenções, convidando o público a refletir sobre os valores de liberdade, união e luta que marcaram a Revolta dos Malês e que ainda ecoam nos dias atuais. Ecos Malês conta com assistência de curadoria de Ana Clara Nascimento, Breno Silva e David Sol. Coordenação de produção de Leonardo Góis e a expografia é assinada por Gisele de Paula.  A pesquisa histórica foi realizada por  Gabriela Leandro Gaia com auxílio de David Sol.

Artistas divididos por núcleo

Encontrar

Caio Rosa, Gil Scott-Heron, Helen Salomão, Jamile Cazumbá, Luan Gramacho, Luciano Carcará, Pierre Verger, Rafael Ramos, Rona, Voltaire Fraga, Wilson Tibério e Yan Nicolas.

Ruas da Revolta

Ação Cemitério Desaparecido, Diego Crux, Jacopo, Malê Debalê, Mayara Ferrão, Pedro Marighella, Rose Afefé e Ventura Profana.

Inventar (Liberdade e Defesa)

Antônio Pulquério, AZA, Bertô, Caio Rosa, Cipriano, Coletivo Arquiteturas da Revolta, Daniel Jorge, Édson da Luz, Gustavo Moreno, Hall Wildson, Ismael David, Jasi Pereira, João Nascimento, Junaica Barbosa, Karamujinho, Kauam Pereira, Lila Deva, Lucas Cordeiro, Simba e Ventura Profana.

SERVIÇO

Exposição: Ecos Malês

Visitação: Terça a Domingo, das 9h às 17h (entrada até às 16h)

Local: Casa das Histórias de Salvador

Endereço: Rua da Bélgica, 2 – Comércio

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