“Ela não é tratada pelo setor público enquanto um problema de saúde pública”, diz especialista sobre consumo da droga ‘Tina’

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Nos últimos anos, a droga conhecida como “Tina” vem chamando atenção entre os profissionais de saúde, apesar de não haver dados concretos do aumento do consumo da substância no Brasil. A droga é um cristal de metanfetamina que afeta o sistema nervoso central do usuário, que também se apresentar em pó e comprimidos, massendo os cristais como a forma mais perigos devido à sua alta pureza e potencial para causar dependência rapidamente.

O Notícia Preta conversou com o psiquiatra do Instituto Ayo Saúde, Luis Carlos Rodrigues, sobre a popularização da droga e seus perigos. “Acredito que o aumento do uso da Tina no Brasil pode ser atribuído a diversos fatores. Primeiro que ela não é tratada pelas pessoas e pelo setor público enquanto um problema de saúde pública“, ressalta ele.

O psiquiatra explica os riscos para a saúde física e mental associados ao uso da droga, e pontua a necessidade de deixarmos o preconceito de lado.

“No que tange à saúde física, alterações cardiovasculares, danos importantes ao sistema nervoso central, doenças infectocontagiosas a depender da forma de administração, alterações na dentição, escoriações na pele por apresentar grande prurido e na saúde mental, observamos principalmente pacientes que se tornam adictos, mas podemos pontuar sintomas psicoticos, transtornos depressivos e do humor e uma progressiva perda cognitiva“.

Especialista exolica como a droga é consumida. Foto: Reprodução/Internet

A Tina pode ser fumada, injetada, cheirada ou ingerida. Através do fumo e injetado, a droga proporciona um efeito quase imediato e intenso, o que aumenta o risco de abuso e dependência. Essas formas de consumo também elevam o risco de transmissão de doenças infecciosas, como HIV e hepatite, principalmente entre usuários que compartilham agulhas.

Por isso o especialista chama atenção para os danos que o uso contínuo pode causar nos usuários da droga.

Pode causar lesões no sistema nervoso central, resultando em problemas de memória e concentração, além de alterações cardiovasculares como a arritmias, PCR e hipertensão. Também pode levar a graves problemas dentários, conhecidos como “boca de metanfetamina”, problemas dermatológicos por consequência do prurido crônico, e perda de peso extrema por diminuição do apetite”.

Alterações comportamentais

O especialista fala sobre as mudanças cognitivas e comportamentais mais comuns observadas em usuários de metanfetamina

“Pessoas adíctas podem apresentar diversas alterações comportamentais e cognitivas, incluindo aumento da agressividade e irritabilidade, psicóses e alucinações, ansiedade e agitação psicomotora, distúrbios do sono, compulsão e comportamentos repetitivos, dificuldades memorização e concentração, comprometimento do juízo crítico, além de sintomas depressivos graves; trazendo grande impacto na vida social e na funcionalidade dessas pessoas“.

Tina, álcool e antidepressivo

O médico também aponta os perigos de como a droga funciona com outras substâncias psicoativas, como álcool ou antidepressivos, e quais são os riscos associados.

Psiquiatra alerta sobre os efeitos da metanfetamina com álcool e antidepressivo /Foto: Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas

“Em resumo, os efeitos do uso de metanfetamina, a Tina com álcool e antidepressivos podem acarretar aumento da concentração da substância no corpo devido à interação com substâncias estimulantes e depressivas; Aumento significativo do risco de problemas cardiovasculares, como IAM e AVE; Efeitos graves no sistema nervoso central, como piora da ansiedade, sintomas delirantes, alucinações, hiperexcitação, crises convulsivas e síndrome serotoninérgica; Sobrecarga hepática e renal por efeito da metabolização, dentre outros“.

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