Diretora de escola alvo de PM por orixá em aula pede licença médica e diz que foi coagida após entrada dos policiais

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O homem também rasgou o mural com as atividades das crianças dentro da instituição - Foto: reprodução

A diretora da Escola Municipal de Educação Infantil Antônio Bento, na zona oeste de São Paulo, afastou-se do cargo após a entrada de policiais militares armados na unidade por causa de uma atividade escolar envolvendo um desenho de uma orixá. A licença médica foi confirmada pela Secretaria Municipal de Educação nesta terça-feira (19). Inicialmente, o afastamento será de 30 dias.

Segundo apurado, a diretora Aline Aparecida Floriano Nogueira relata sentir-se ameaçada após a repercussão do caso. Ela afirma ter sido coagida durante a abordagem dos policiais, que permaneceram cerca de 20 minutos dentro da escola. “Me apresentei como diretora e perguntei se eram da ronda escolar. Disse: ‘Não sabia que ronda escolar entra armada na escola’”, relatou.

O homem também rasgou o mural com as atividades das crianças dentro da instituição – Foto: reprodução

O episódio ocorreu após o pai de uma aluna de 4 anos, policial militar e evangélico, segundo moradores ouvidos pela imprensa, acionar a PM ao ver que a filha havia desenhado a orixá Iansã durante uma atividade pedagógica baseada no livro Ciranda em Aruanda. Um dia antes, ele teria ido à unidade e rasgado um mural com desenhos das crianças.

Quatro policiais entraram armados na escola, um deles portando arma de grosso calibre. Professores e pais afirmaram que a abordagem foi hostil. A diretora passou mal após o episódio.

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A Secretaria Municipal de Educação informou que o conteúdo está em conformidade com o Currículo da Cidade e com as Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tornam obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira e indígena.

O Ministério Público de São Paulo solicitou as imagens das câmeras de segurança e das câmeras corporais dos policiais para apuração. A PM confirmou que abriu procedimento interno para investigar a conduta dos agentes.

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