O Ministério dos Direitos Humanos cria uma instância para discutir escravidão e o tráfico de africanos. Além de pensar em ações de educação, pesquisa e promoção da memória do período escravocrata. A Coordenação-Geral de Memória e Verdade sobre a Escravidão e o Tráfico Transatlântico será ligada à Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do órgão.
Fernanda Thomaz ocupará o cargo de coordenadora-geral. Ela é pós-doutora pela Universidade de Ibadan, na Nigéria, e pelo Instituto Max Planck, na Alemanha. Fernanda se especializou em colonialismo, relações raciais, movimento de mulheres e memória.
Fernanda Thomaz comandará a Coordenação-Geral de Memória e Verdade sobre a Escravidão e o Tráfico Transatlântico. Foto: Twin Alvarenga/UFJF
“O objetivo da coordenação é reconstituir a história do tráfico de escravizados africanos, especialmente para o território brasileiro, promovendo a educação, a memória, a pesquisa, a conscientização e a sensibilidade da sociedade brasileira sobre o racismo e o violento processo de colonização e escravização”, informa o Ministério dos Direitos Humanos.
Fernanda Thomaz pretende focar na proteção do complexo do Cais do Valongo, porto de chegada de africanos no Brasil entre 1775 e 1830. Localizado no Centro do Rio de Janeiro, o Cais é reconhecido internacionalmente como uma evidêncua da escravidão no Brasil.
Sobre o Cais do Valongo
Um milhão e meio de pessoas negras, foram levadas do continente Africano e desembarcaram no Cais do Valongo. Localizado na zona Portuária do Rio de Janeiro, a região é conhecida hoje em dia como “Pequena África” . O espaço possui além do Sítio Arqueológico do Valongo; uma série de pontos históricos e importantes para a cultura afro-brasileira.
O sítio arqueológico foi reconhecido mundialmente ao ser considerado Patrimônio Mundial pela Unesco, marco importante para frisar sua importância histórica. Nessa lista estão mais de outros 750 locais de destaque no mundo como o Taj Mahal, na Índia, o Grand Canyon, nos EUA, o Machu Picchu, no Peru.
A instância pretende proteger o complexo do Cais do Valongo, porto de chegada de escravizados. Foto: Muhcab
“O reconhecimento deste espaço, que é parte da história do Brasil e parte da história destes homens e mulheres que foram trazidos para cá numa migração forçada, é também o resgate e o fortalecimento desta poderosa estrutura da memória do brasileiro, do africano e da humanidade. O Cais do Valongo é uma parte determinante e integrante da absoluta integridade que precisa ser reconhecida, preservadas e valorizadas”, diz Márcio de Jagun, babalorixá, professor e presidente do Conselho de Defesa da Promoção da Liberdade Religiosa.
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