Cooperativa de café é ligada a novos casos de trabalho análogo à escravidão

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A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), reconhecida como uma das maiores cooperativas de café do mundo, volta a ser alvo de investigações após inclusão de novos cooperados na “Lista Suja” do trabalho escravo. As denúncias foram divulgadas na última segunda-feira (08) e, de aordo com o levantamento, cinco produtores vinculados à Cooxupé foram incluídos na lista do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão.

Dentre os trabalhadores resgatados dessas condições, foram encontrados também uma criança de 12 anos e um adolescente de 16. Ao tomarem ciência dos casos, a cooperativa bloqueou preventivamente os envolvidos, suspendeu a compra de seus cafés e segregou lotes em estoque, assegurando a rastreabilidade nos produtos destinados aos clientes.

Trabalho análogo a escravidão. Foto: Freepik

Esses novos casos parecem seguir um padrão já documentado anteriormente. Em abril de 2024, 2 cooperados foram inseridos na ‘Lista’ após flagrantes envolvendo 11 trabalhadores no Sítio Douradinha (MG), com relatos de alojamentos precários e jornada exaustiva de trabalho, sem registro ou segurança. Em julho do mesmo ano, outros 3 cooperados da Cooxupé foram flagrados submetendo 23 trabalhadores a condições degradantes, também com bloqueio imediato das operações por parte da cooperativa.

A Cooxupé representa cerca de 10% das exportações brasileiras de café e integra a lista das maiores empresas do agronegócio do país. Diante de novos casos, ativistas e auditores criticam que, diante de sua influência e condições de mobilizar seus cooperados, a cooperativa deveria liderar transformações efetivas e contínuas nas práticas trabalhistas, e não reagir apenas após as denúncias.

O registro permanente da presença de empresas de ponta na cadeia cafeeira brasileira entre infratores mostra que os mecanismos de fiscalização ainda são insuficientes, tanto em quantidade de auditores quanto em profundidade das ações preventivas. A persistência desses casos exige políticas mais eficazes de controle e responsabilização que atinjam toda a cadeia produtiva.

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A Cooxupé informou que o bloqueio de produtores ocorre sempre que a cooperativa “toma conhecimento oficial de situações que envolvam violações trabalhistas por parte de cooperados”. A interrupção do recebimento de café, a segregação dos lotes eventualmente recebidos e a devolução integral desses lotes são outras das providências cabíveis adotadas pela cooperativa. 

A organização ressaltou também que “pauta sua atuação no respeito às pessoas, na dignidade do trabalho e na responsabilidade social” e que possui um programa de orientação sobre direitos humanos.

Púrpura Santana

Púrpura Santana

Púrpura é uma multiartista paraibana, escritora, atriz e roteirista, que traz consigo um domínio peculiar sob as palavras.

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