Pesquisadoras do acervo e artistas convidados participarão de imersão e o resultado poderá ser visto gratuitamente na mostra Confluência RecorDança
O Acervo RecorDança, coletivo de pesquisadoras atuantes em Pernambuco promoverá uma residência artística-historiográfica, ao longo de seis dias, reunindo as pesquisadoras do coletivo e mais oito artistas convidados para refletir sobre aspectos de linguagens artísticas da Dança que merecem maior visibilidade em pesquisas da área.
A “Residência RecorDança 20 anos: Política do Encontro” acontecerá nos fins de semana entre a próxima sexta-feira (23) e o dia 03 de março, no Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, em Chão de Estrela, Recife-PE. No domingo (03), haverá uma mostra dos resultados da residência intitulada “Confluência RecorDança”, gratuita e aberta ao público a partir das 15h, também no Daruê Malungo.
O projeto conta com recursos do SIC Recife 2021/2022 – FIC, firmado por meio da Secretaria de Cultura do Recife.
A política do encontro proposta pelas pesquisadoras do acervo visa reunir agentes da Dança para pensar e elaborar, em conjunto, conteúdos sobre as danças representadas durante a residência, em sua maioria, ainda não mapeadas pelo acervo, a fim de manter vivas suas memórias de forma criativa. Além das pesquisadoras do Acervo RecorDança Ailce Moreira, Elis Costa, Ju Brainer e Taína Veríssimo, foram convidados a participar da residência os artistas-pesquisadores da Dança que atuam no Recife: Briê Silva (twerk), Cris Souza (quadrilha), G-black (break), Nina Sousa (dança esportiva em cadeira de rodas), Paulinho 7 Flexas (caboclinho), Vilma Carijós (danças afro-brasileiras), Roberta Ramos (historiografia da dança) e Valéria Vicente (frevo e dança contemporânea).
A residência irá gerar seis resultados, de múltiplos formatos, tais como podcasts, vídeos, fotos, textos, performance, e etc., a partir das questões debatidas pelos participantes durante os dias de imersão teórico-prática. Na mostra “Confluência RecorDança”, os resultados serão apresentados artisticamente ao público, contando com intérprete de Libras. Posteriormente, os registros serão disponibilizados gratuitamente no site do Acervo RecorDança.
“Desde o início destas duas décadas de trabalho do Acervo RecorDança a oralidade se faz presente como método historiográfico para construção destas narrativas, assim como a valorização da coletividade. Foram através de entrevistas e doações de vários artistas e grupos que grande parte dessas histórias puderam ser reconstruídas e contadas“, disse pesquisadora Elis Costa, integrante do Acervo RecorDança.
“Nos últimos anos caminhamos rumo a uma radicalidade desta abordagem e, mais que contar as memórias dos e das artistas atuantes no estado, passamos a nos provocar e também a provocar estes agentes culturais a, junto conosco, assumir a guarda dessas memórias. Passamos a construir alianças e a compartilhar nossa experiência acumulada nesses 20 anos acerca da salvaguarda e cuidado com as histórias confiadas a gente“, que completa:
“A partir de então, nossos projetos passaram a ser orientados à construção destas narrativas de memória ainda mais junto com as pessoas que fazem a dança”.
As pesquisadoras do Acervo RecorDança explicam que o interesse em realizar a residência no Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, sede de um grupo de dança que há mais de 30 anos vem contribuindo com a formação e fruição da cultura popular e afro-brasileira, é deslocar o foco do centro da cidade para provocar um retorno às comunidades periféricas, reconhecendo suas potências, trajetórias e importância.
“Os artistas convidados foram selecionados pelo RecorDança levando em consideração suas contribuições artísticas e de produção de conhecimento na área, no que tange o reconhecimento e o fortalecimento das múltiplas identidades, a soberania do povo brasileiro, a reparação histórica das minorias políticas e reintegração de posse de suas narrativas e memórias“, conta Elis.
“Uma vez que práticas científicas de saber no campo das artes legitimam padrões de beleza, quem merece e não merece ser visto, assim como noções de verdadeiro e falso, é importante entender e questionar quais corpos e geografias a história da arte ocidental contempla e a quais ela impõe limites e categorias. ‘RecorDança 20 anos: Política do encontro’ visa olhar para esta reflexão, tendo em vista a necessidade de pensarmos outros parâmetros estéticos e éticos para historiografar as práticas e corpos racializados, vulneráveis e dissidentes – em especial na capital pernambucana, Nordeste do Brasil”, provoca a artista.
SERVIÇO:
Residência RecorDança 20 anos: Política do Encontro*
oDatas: 23/02, 24/02 e 25/02/2024 (sexta a domingo) 01/03, 02/03 e 03/03/2024 (sexta a domingo)
Local: Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo (Rua Passarela, 18a, Chão de Estrelas, Recife/PE).
*A residência é fechada para convidados.
Mostra Confluência RecorDança**
Domingo, 03/03 – 15h às 17h.
Local: Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo (Rua Passarela, 18a, Chão de Estrelas, Recife/PE).
**A mostra é aberta e gratuita ao público.
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