Com 30.466 votos, Joyce Trindade foi uma das vereadoras mais votadas do Rio em 2024. Em entrevista exclusiva ao Notícia Preta, ela falou sobre o papel dos parlamentares negros, a precarização do trabalho no Rio de Janeiro e a geração de emprego durante o carnaval.
“O aumento de parlamentares negras e negros no Brasil é um avanço que precisamos valorizar. Ao mesmo tempo, precisamos garantir que as pautas que serão defendidas nos parlamentos e nas articulações com as prefeituras estejam conectadas às necessidades da população negra. Tenho a honra de ser uma das candidatas mais bem votadas da Zona Oeste do Rio. Fui escolhida, majoritariamente, por mulheres negras (muitas delas mães solo e atípicas, donas de casa, empreendedoras, mulheres que estão na luta por uma vida melhor) para representá-las na Câmara Municipal”, disse.
Joyce explica que a explosão de votos não foi do nada. Segundo ela, vem de um trabalho de anos para garantir que essas pessoas possam ter oportunidade de mudar a vida para melhor, sair de ciclos de violência e seguir esperançando.
“Por isso, acredito que as pessoas eleitas devem ter o compromisso com o combate ao racismo de todas as formas. Lutar contra as injustiças e também garantir oportunidades para quem não possui acessos. Isso é fundamental para que seja possível mudar a vida de mais pessoas e fazer o Brasil avançar na equidade e representação política“, afirmou.
No quarto trimestre de 2023, 33,7% dos trabalhadores ocupados no Rio de Janeiro eram informais, em sua maioria pessoas negras, camelos, vendedores de bolo de pote, vendedores de quentinha, e em sua maioria, negros. Joyce pensa na qualificação da mão de obra e regulamentação do trabalho como saída para evitar que haja recolhimento do material desses trabalhadores pela guarda municipal.
Para ela, que tem experiência como gestora pública, a cidade precisa de fiscalização e ordem pública, mas essas políticas precisam estar conectadas à geração de trabalho e renda e à assistência social. Por isso, ela defende que as políticas que afetam as vidas dos trabalhadores informais tenham a conexão entre estas diferentes pastas para que a Prefeitura consiga garantir o direitos de todas e todos
“Eu acredito que precisamos primeiro diminuir a informalidade, com políticas de capacitação profissional e atração de emprego. Essas políticas também precisam estar conectadas às ações da assistência social, atendendo as diversas demandas que existem para a população que está na informalidade. Ao mesmo tempo, defendo a criação de mecanismos de corregedoria e controle da guarda municipal para coibir e investigar possíveis excessos. Nós precisamos ter uma cidade organizada e que respeite o trabalhador, facilitando, inclusive, o acesso à formalização nas áreas permitidas, garantindo a organização urbana para que as pessoas possam trabalhar, transitar com segurança e gerar renda”, explica.
Carnaval
“Temos o maior carnaval do mundo, uma festa democrática que reúne milhões de pessoas por dia em toda a cidade e trouxe uma arrecadação de R$5 bilhões para o Rio em 2024”, exclamou.
No mês de fevereiro, o total de impostos arrecadados atingiu a marca de R$ 500 milhões. Em termos de geração de empregos, foram criados aproximadamente 50 mil postos de trabalho diretos, distribuídos entre 15 mil autônomos, 13 mil ambulantes e mais de 20 mil agentes públicos, de acordo com informações da prefeitura.
“Vamos seguir contribuindo para o fortalecimento dessa festa, dos blocos às escolas da série ouro, prata, bronze e escolas mirins, não só no Sambódromo mas no carnaval da Intendente Magalhaes. Só em 2024, a Prefeitura do Rio destinou cerca de 15 milhões para as escolas que não são do grupo especial e é nosso trabalho continuar investindo nessas escolas”, finalizou.
Leia também: Brasil possui 16,4 milhões de pessoas morando em Favelas e Comunidades Urbanas, segundo IBGE