Angola enfrenta onda de protestos e violência policial aos 50 anos da independência

Protesto contra a reforma da lei eleitoral, em Luanda, a 11 de setembro. Foto: Osvaldo Silva/AFP/Getty Images

Protesto contra a reforma da lei eleitoral, em Luanda, a 11 de setembro. Foto: Osvaldo Silva/AFP/Getty Images

A alta do preço do combustível desencadeou uma onda de protestos em Angola, que completa 50 anos de independência sob o mesmo partido no poder. Ao menos 30 pessoas foram mortas e mais de 1,5 mil foram presas, enquanto o governo intensifica a repressão e tenta conter a mobilização popular.

Angola vive um momento de forte instabilidade política e social. Os protestos começaram em 12 de julho, em Luanda, após o aumento do preço do gasóleo de 300 para 400 kwanzas por litro, e rapidamente se espalharam para outras seis províncias. As manifestações reuniram principalmente jovens e trabalhadores, especialmente taxistas, responsáveis pelo principal transporte popular do país.

Protesto contra a reforma da lei eleitoral, em Luanda, a 11 de setembro. Foto: Osvaldo Silva/AFP/Getty Images
Protesto em Luanda, a 11 de setembro. Foto: Osvaldo Silva/AFP/Getty Images

A greve dos taxistas paralisou parte da capital e gerou confrontos diretos com a polícia. Mercados foram saqueados, vias foram bloqueadas e, segundo relatos, agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) atiraram contra manifestantes e moradores. Um dos casos que mais repercutiram foi o assassinato de Ana Silvia Mubiala, alvejada pelas costas enquanto tentava fugir com o filho adolescente.

Comemorando meio século de independência e governada ininterruptamente pelo MPLA, Angola enfrenta uma profunda crise econômica. A inflação chega a 27,5%, o desemprego cresce e 31% da população vive abaixo da linha da pobreza. Apesar disso, o governo angolano anunciou uma linha de crédito de 50 bilhões de kwanzas para empresas afetadas pelos protestos, enquanto movimentos populares organizam vaquinhas para custear os enterros das vítimas.

Para ativistas, as manifestações representam mais do que a rejeição ao aumento do combustível: são um grito de liberdade após cinco décadas de governo do MPLA. Ao longo desses 50 anos, a população tem tentado se expressar, mas frequentemente é silenciada. Com a eleição presidencial marcada para 2027, o cenário aumenta a pressão sobre o governo e evidencia a insatisfação popular com a desigualdade, a corrupção e a repressão policial.

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Rafaela Oliveira

Rafaela Oliveira

Rafaela Vitória é graduanda em Jornalismo, nascida no Maranhão, com atuação profissional em mídias sociais e audiovisual, e interesse em narrativas sobre raça e cinema.

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