A representação da cultura negra a partir da vivência de uma mulher negra no grafite
Por Victoria Henrique
Partindo da vontade de retratar a história do povo negro pelos muros das cidades, a artista Regina Elias, mulher negra e conhecida como Soberana Ziza, realiza as suas manifestações visuais por meio da representação de símbolos da cultura negra e da sua relação com o Hip hop. Em entrevista ao Notícia Preta, ela contou sobre a sua vinda pela primeira vez ao Rio de Janeiro, onde participa de uma intervenção artística ao grafitar um painel de mulheres negras e tecidos africanos na região central da cidade. “A gente sabe que a nossa história sempre foi apagada e muitas vezes mal escrita, então o que eu traduzo no meu trabalho é um novo futuro, onde a mulher negra esteja no seu protagonismo e na sua autonomia”, disse ao Portal.
Moradora de Jardim Peri Alto, Zona Norte de São Paulo, Regina teve contato com o grafite já na escola. Desde muito cedo, pôde perceber que o machismo está presente nesta área e a inserção de mulheres no campo é sempre fortificada por redes de outras mulheres. Inicialmente, com apoio de duas artistas, Elias seguiu no grafite ao lado de outra paixão, o Hip hop. Foi a partir desse movimento que a artista se empoderou como mulher negra, compreendeu sobre representatividade e acessou a sua própria história. Desde então, pesquisa sobre mulheres negras e ancestralidade com foco na atualidade em tecidos africanos, temas que se externalizam nas suas artes.
O desejo de reencontrar os caminhos trilhados por seus ancestrais e representar a atuação do povo negro em diferentes setores, como na parte cultural, Engenharia e Medicina, Regina Elias enxerga nas artes a possibilidade de construção de um país onde a verdadeira história seja contada. Em entrevista, ela compartilhou com o Notícia Preta as suas narrativas como mulher negra no grafite e os significados do painel que está grafitando na cidade do Rio de Janeiro.
Veja a reportagem em audiovisual:
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