O desmatamento provocado por garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami chegou a 232,7 hectares no ano passado. A área 24,7% maior do que a do ano anterior, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O estudo foi feito com base nas imagens de satélite do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter).
Um dos principais motivos da atual situação do povo Yanomami, que enfrenta desnutrição, contaminação por mercúrio e surtos de malária, é o a atividade do garimpo em suas terras.A situação é tão grave que na última semana o Ministério da Saúde declarou emergência médica no território.
Nos últimos quatro anos, período do governo Jair Bolsonaro, relatos apontam que 570 crianças morreram de desnutrição e doenças evitáveis. Autoridades afirmam que o governo Bolsonaro ignorou as atividades do garimpo ilegal e a situação de emergência humanitária.
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O monitoramento do desmate por garimpo na terra indígena Yanomami é feito desde 2019 pelo Deter. Nos quatro anos monitorados, 958 hectares da floresta na área foram derrubados pelo desmatamento.
Em 2019, o desmate na região foi de 269,4 hectares, e permaneceu no mesmo nível no ano seguinte, com mais 269,57 hectares destruídos. Em 2021, foi registrada queda, para 186,58 hectares.
Dinâmica eleitoral
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o geógrafo Estevão Senra, pesquisador do Instituto Socioambiental, disse que o aumento do desmatamento pelo garimpo no ano passado pode ser atribuído em parte à dinâmica eleitoral: por um lado, garimpeiros tentando se estabelecer na área com a expectativa da liberação da atividade caso Bolsonaro fosse reeleito e, por outro, a tentativa de extrair o máximo possível antes de um eventual endurecimento da fiscalização caso Lula ganhasse – como o petista vem prometendo fazer.
Além do desmatamento, o garimpo também vem impondo outras tragédias ao povo yanomami. O relatório Yanomami sob ataque, da Hutukara Associação, publicado em abril de 2022, denunciou que garimpeiros haviam tomado polos de saúde indígena que atendiam mais de 5 mil indígenas por mês. O levantamento também apresentou casos de casamento forçado entre garimpeiros e indígenas em troca de comida e armas de fogo, estupro de menores, rapto de crianças, aliciamento e trabalho escravo na TI Yanomami.
Fonte: Deutsche Welle
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