Universidades baianas recebem ameaças com teor nazista; PF investiga suspeito de planejar massacre

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Três universidades federais da Bahia receberam, em março deste ano, e-mails com ameaças de massacre e mensagens de exaltação ao nazismo. Os ataques virtuais, direcionados à Universidade Federal da Bahia (Ufba), à Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e à Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), estão sendo investigados pela Polícia Federal, que deflagrou nesta quinta-feira (4) a Operação Valquíria.

Segundo a corporação, as mensagens foram enviadas por um homem de Belo Horizonte (MG), que utilizava e-mails criados exclusivamente para cometer as ameaças e acessados por meio de VPN, recurso usado para ocultar a identidade e o endereço de conexão. Em um dos textos, o suspeito afirma: “Heil Hitler. Vou fazer um massacre aí. Viva o nazismo”.

O teor das mensagens reacende preocupações sobre o avanço de discursos extremistas violentos, que têm como alvo frequente comunidades acadêmicas, grupos minoritários e pessoas negras. Universidades, especialmente as federais, são espaços historicamente ligados à produção científica, pensamento crítico e diversidade racial e social, o que as torna alvo de grupos extremistas que rejeitam valores democráticos.

PF investiga ameaças nazistas contra universidades da Bahia – Foto: UFBA

Na operação, a PF cumpriu dois mandados de busca e apreensão na casa do suspeito, onde encontrou simulacros de armas e objetos com simbologia extremista. O investigado já possui antecedentes por ameaças cibernéticas. Ele pode responder por crimes que, somados, ultrapassam 12 anos de prisão.

A Ufob acionou a PF assim que recebeu as mensagens. A Ufba e a UFRB informaram que não tinham detalhes sobre o caso, mas que acompanham as investigações. As ameaças ocorreram em um cenário nacional de aumento de episódios de violência política, radicalização on-line e ataques racistas — muitos deles direcionados a instituições com grande presença de estudantes negros e a programas de inclusão como as ações afirmativas.

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Especialistas alertam que a disseminação de ideologias supremacistas brancas e de discursos de ódio tem impacto direto sobre a segurança da comunidade estudantil, especialmente de jovens negros, que historicamente estão entre as principais vítimas de violência política no país. A atuação urgente das autoridades, afirmam, é fundamental para evitar que ataques simbólicos se convertam em violência real.

As investigações da PF continuam para identificar se o suspeito agiu sozinho ou se há outros envolvidos na rede de ameaças.

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