Oceano avança em Serra Leoa e arquipélago pode desaparecer nos próximos anos

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Hassan Kargbo em frente a duas casas durante a maré alta na Ilha Nyangai Imagem: PATRICK MEINHARDT / AFP

O avanço acelerado do oceano já provoca a migração de comunidades inteiras na costa oeste da África. Em Serra Leoa, a ilha de Nyangei, parte do arquipélago das Ilhas Tartaruga, está desaparecendo. A elevação do nível do mar, causada pela crise climática global, transformou os moradores locais nos primeiros deslocados ambientais do país. Em poucos anos, todo o arquipélago corre risco de ficar submerso.

O fenômeno não é isolado: segundo dados de agências ambientais africanas, áreas costeiras de países como Gana, Nigéria e Senegal também vêm enfrentando erosão acelerada, agravada por tempestades e aumento da temperatura dos oceanos. Mas em Nyangei, os impactos já são irreversíveis: parte significativa da ilha já foi tomada pela água, com a destruição de casas, escolas e áreas de pesca.

Vista aérea de estruturas na Ilha Nyangai, em 30 de abril de 2025
Imagem: PATRICK MEINHARDT / AFP

A ilha, que já foi considerada um paraíso natural, hoje está marcada por cenas de destruição: sacos de areia empilhados como última defesa contra as ondas, troncos de palmeiras tombados e destroços espalhados ao longo da costa. A população, que depende majoritariamente da pesca artesanal, se vê obrigada a migrar para o continente, muitas vezes sem infraestrutura ou apoio governamental.

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Moradores relatam ter reconstruído suas casas diversas vezes, apenas para vê-las novamente levadas pela força do mar. O esgotamento físico e emocional é visível. “Já não sabemos para onde ir. A água leva tudo”, relatam líderes locais.

Especialistas em clima alertam que o arquipélago pode desaparecer completamente em menos de uma década, caso não sejam adotadas medidas urgentes de contenção e realocação. O caso de Nyangei torna visível uma realidade que tende a se intensificar: a crise climática já força a migração de populações negras e vulneráveis, escancarando desigualdades históricas e a falta de políticas públicas voltadas à adaptação e proteção ambiental em países do Sul Global.

Fonte: AFP

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