Espetáculo “ATRAQUE”, com reflexões sobre a cultura Ballroom, faz novas apresentações no RJ

ATRAQUE_SescAvPaulista_Ft_-Gean-Carlo-Seno53.jpg

Refletindo e celebrando a diversidade de gênero e raça, com protagonistas trans do universo Ballroom do Rio de Janeiro, “ATRAQUE” volta a se apresentar pelo estado do Rio de Janeiro. A montagem multilinguagem que estreou no ano passado, agora retorna para uma uma nova circulação, no mês do orgulho LGBTQIAPN+, com apresentações gratuitas no Teatro Cacilda Becker, de quinta (20) até domingo (23).

O espetáculo que une dança, performance e moda para desafiar convenções e explorar os princípios históricos, estéticos, comunitários e de disputa do vogue, tem apresentação única, no valor de R$5, no dia 26 de junho no Teatro da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói.

Por fim, no sábado (29), às 15h, o projeto chega no Citrus Ateliê, em Campo Grande, com programação inteiramente gratuita, onde além da apresentação da performance, será realizada uma oficina, bate-papo e DJ Set. 

Registro do espetáculo “ATRAQUE” /Foto: Gean Carlo Seno

Após temporada de sucesso em São Paulo no primeiro semestre no Sesc Avenida Paulista, desta vez,  “ATRAQUE” retorna com um elenco ainda maior. “Nossa peça foi construída e sonhada por pessoas que vivem diariamente a realidade Ballroom. Mais do que um estilo ou modalidade artística, essa é a nossa vivência, portanto o que está em cena reflete a história artística dessas pessoas”, destaca Patfudyda, diretora artística do projeto.

O espetáculo nomeado a partir de uma gíria popular cujo significado remete à intensidade do confronto entre corpos – seja em sentido de disputa ou afetivo – não se limita a ser um mero espetáculo, mas um terreno fértil de experimentação, transgressão e, acima de tudo, resistência. Através de movimentos únicos e pessoais, a peça revela a beleza da individualidade e da criatividade humana.  “O que nos move nesta peça é a vontade de criarmos outras narrativas para nossos corpos que se esquivam das que já são estão impregnadas no imaginário popular sobre pessoas trans”, ressalta a diretora.

A cultura Ballroom é um espaço de expressão, onde as pessoas participantes competem em categorias de dança, moda e performance, como o voguing. Mais do que competições, a cultura Ballroom oferece um senso de pertencimento e família para aqueles que estão à margem da sociedade, reforçando suas estruturas de apoio social. “Somos artistas com trajetórias diversas e é na cultura Ballroom que as nossas histórias se encontram”, reflete a diretora.

Em “ATRAQUE”, a presença e a potência de um corpo Ballroom transforma a realidade e coloca em xeque conceitos fundamentais dessa cultura que vivenciam. Sendo assim, a peça convida a explorar o cotidiano de uma “house”, ou casa — como são conhecidas as estruturas de organização —, expondo as contradições que emergem quando se escolhe compartilhar o mesmo espaço e viver em coletividade. 

Neste cenário, a coreografia possibilita ao corpo inverter seus modos de operar, seduzir, escapar e resistir num acontecimento dinâmico e furtivo, construído num território que sustenta sua própria continuidade. A melhor defesa é o ATRAQUE. “Celebraremos nossa existência juntas em cada sessão desta temporada e das próximas que virão. Estaremos a cada dia dispostas a aproximar o universo Ballroom da arte contemporânea, entendendo que mais do que um grande movimento artístico, a Ballroom é também uma possibilidade de vida”, conclui.

“ATRAQUE” é um projeto realizado pela House of Mamba Negra e apresentado pelo Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Paulo Gustavo.

HOUSE OF MAMBA NEGRA

House of Mamba Negra é um coletivo interestadual de cultura ballroom que nasceu em 2019 e hoje tem atuação em quatro capitais: Brasília, Goiânia, São Paulo e Rio de Janeiro, sendo liderada por pessoas trans em cada uma delas. A House reúne hoje cerca de 50 pessoas com interesses em pesquisa e formação em áreas como artes visuais, performance, moda, audiovisual, música, educação e produção cultural. O principal ponto de contato entre essas pessoas é promover o corpo como potência de criação e garantir a continuidade de narrativas não-normativas. A equipe que compõe o projeto de ATRAQUE e a House of Mamba Negra já desenvolveram trabalhos no Festival Panorama, Escola de Artes Visuais do Parque Laje, Galpão Bela Maré, Museu de Arte do Rio, Museu do Amanhã, Museu da Língua Portuguesa, CCBB RJ, SESC – SP, L’Oreal Brasil, Netflix Brasil, ImPulsTanz e ONU. 

Leia também: Espetáculo “Outras Mulheres” sobre realidade feminina nas periferias realiza temporada no Rio

Deixe uma resposta

scroll to top