Um recruta da Marinha do Brasil sofreu racismo dentro de uma unidade, em Belo Horizonte. O homem teria sido chamado diversas vezes por palavras pejorativas como “primata” e “macaco“. A unidade fica na avenida Raja Gabaglia, região Oeste da capital mineira, onde o recruta de 19 anos contou estar sendo humilhado por colegas e superiores por conta de sua cor de pele.
O recruta entrou ano passado na marinha e foi transferido da unidade do Belvedere para a Rajá Gabáglia onde teriam iniciado as agressões verbais contra o homem. Em uma situação contada pela vítima, no dia que chegou, perguntou a sua função e o homem teria lhe respondido “Na Raja, a vítima seria escrava”.
Em grupo de WhatsApp, em que fazia parte e que deveria servir para comunicar da rotina na instituição, os acusados aproveitavam para ridicularizar o homem com xingamentos e até o uso de palavras como “escravo” apareceram. Em uma das mensagens, os agentes dizem que “a única coisa que vai concordar é ele implantar a chibata em você, guerreiro”, escreveu.
De acordo com o advogado criminalista Gilberto Silva que está responsável pela defesa da vítima, o recruta está muito abalado com a situação e que vai continuar buscando justiça para que os envolvidos sejam responsabilizados.
“Está com medo de ser prejudicado na carreira, já que ainda é um recruta, medo de ser desligado ou não passar do estágio probatório. Mas ele não quer que isso continue a acontecer com outros”.
O crime de injúria racial é crime e está previsto na lei brasileira,se condenado o réu pode pegar até 5 anos de prisão. O recruta agora espera a abertura de inquérito para dar seu depoimento e auxiliar na investigação do caso.
“Como foram ofensas feitas diretamente à pessoa dele no local de trabalho e via mensagem, a Polícia consegue identificar os envolvidos. A intenção é denunciar dentro da esfera criminal e cível, pela gravidade da discriminação”, explicou Silva. Até o momento a Marinha não se pronunciou sobre o assunto.