52 blocos tradicionais no Carnaval de Salvador podem não sair em 2026 por falta de verba

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Ilê Aiyê, bloco que ressignificou o Carnaval de Salvador / Foto - André Frutuôso - Odú

A participação de 52 blocos históricos nas vertentes do samba, reggae, afro e afoxé no Carnaval de Salvador do próximo ano está em risco. Bloco famosos, como Ara Ketu, Pagode Total e Bankoma, não foram contemplados pelo edital Ouro Negro e agora buscam reverter a situação, após serem colocados na lista de suplência. Os grupos alegam que uma mudança no regramento da comissão de seleção os prejudicou, resultando na falta de verba estadual necessária para desfilar.

De acordo com os blocos, houve falta de transparência nos critérios de remanejamento de vagas do certame, coordenado pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA). O bloco afro Ara Ketu, que pleiteava R$ 500 mil para custear desfiles na Quinta e Terça-Feira de Carnaval e manter cerca de 700 empregos diretos, já prevê reduzir seus dias de apresentação caso não haja diálogo com a secretaria. Com 46 anos de trajetória, a agremiação afirmou ter recebido com surpresa a posição de suplência.

Outro grupo afetado é o A Mulherada, que completa 25 anos em 2026. Em nota, a direção do Instituto que gere o bloco expressou indignação: “Não se trata apenas de um bloco suplente. Trata-se de 24 anos de uma trajetória de mulheres negras, reconhecida internacionalmente, construída com muito esforço e impacto comunitário real. É inadmissível que, neste momento histórico, não consigamos sequer uma pauta de conversa com a Secretaria de Cultura ou órgãos correlatos”. A entidade informou que já protocolou recursos administrativos e pedidos de reunião com o secretário Bruno Monteiro, sem obter retorno.

De acordo com os blocos, houve falta de transparência nos critérios de remanejamento de vagas do certame, coordenado pela Secult-BA – Foto: André Frutuôso/Odú.

Representantes de 49 agremiações iniciaram uma mobilização por uma mesa de diálogo com o governo. “Queremos só abrir uma porta para dialogar com o Governo do Estado para que este se sensibilize. 49 blocos fora do circuito carnavalesco é uma agressão e desfalque para a grade de programação do Carnaval”, frisou a direção do bloco Banana Reggae em entrevista ao Jornal Correio, que não conseguiu a verba de R$ 200 mil que havia solicitado.

Em nota, a Secult-BA destacou que o Edital Ouro Negro, que terá investimento recorde de R$ 17 milhões em 2026, é construído de forma democrática e que as entidades concorrem nas faixas em que se inscrevem. A pasta não respondeu aos questionamentos sobre o motivo da mudança no sistema de remanejamento e sobre a possibilidade de reunião com os blocos mobilizados.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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