Único templo de Ogum do Brasil é tombado como patrimônio cultural de Salvador

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Foto: Betto Jr. | Secom

O terreiro “Casa de Ogum”, localizado no bairro do Candeal, em Salvador, se tornou nesta segunda-feira (13) patrimônio cultural da capital baiana. A cerimônia oficializou a casa, que é o único templo do país exclusivamente dedicado ao orixá, “Bem de Valor Histórico, Cultural e Arquitetônico” de Salvador. A criação da “Casa de Ogum” ocorreu no século 19 pela princesa nigeriana Josefa de Santana, que comprou o terreno e a liberdade de um escravizado, com quem se casou.

Foto: Betto Jr. | Secom

O tombamento é uma iniciativa do Instituto Gregório de Matos (IGM) e está no processo desde 2019. De acordo com a historiadora e estudiosa da etnografia e histórias de vida de africanos libertos que voltaram para a África, Lisa Castillo, o local não é apenas um templo religioso. “O interessante deste assentamento de Ogum é que não é exatamente uma casa de candomblé. É um assentamento familiar que foi mantido ao longo de 200 anos”, comentou ela ao G1 Bahia.

Segundo o IGM, além de ser o único espaço afro religioso dedicado ao Orixá Ogum, é também um dos poucos que mantém os mesmos ritos como ocorrem na África. Apesar da valorização da “Casa de Ogum”, outros templos relatam descaso por parte do Estado. No final de 2021, o Terreiro Oyá Matamba, em Lauro de Freitas, também na Bahia, denunciou uma série de negligências, desassistência e intolerância religiosa da prefeitura municipal. Um problema de saneamento básico no bairro é responsável por alagamentos em épocas de chuva.

Em novembro do ano passado, o NP entrevistou a Yalorixá do local, Thiffany Odara, e de acordo com ela, técnicos da Secretaria de Serviços Públicos (SSP) chegaram a ir no terreiro, mas, ao verem que era um centro de religião de matriz africana, não realizaram o serviço.

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Segundo dados da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), foram registrados 29 casos de intolerância religiosa na Bahia em 2020, enquanto em 2018 foram 47 e em 2019 foram 49. Mas o levantamento do Ministério Público mostrou um número maior que o da Sepromi, pelo MP-BA são 44 casos de intolerância religiosa em 2020, 137 no ano de 2019 e 76 em 2018. 

Não foram encontrado dados atualizados das denúncias de intolerância religiosa no estado da Bahia ou cidade de Salvador.

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