Ubuntu da boca para fora

giorgiacocco-nappy--scaled.jpg

Crédito: Giorgiacocco/Nappy

Você enxerga tudo que você olha? O dia a dia corrido que te impede de dar um “bom dia” ou “ter um minutinho” para qualquer coisa tem afetado também sua capacidade de estar aberto ao mundo e ter empatia pelo outro? Queremos nos aproximar do Outro?

Longe de ser um papo de autoajuda, a conversa é sobre sobrevivência. Estamos regidos – há séculos, sim – por uma lógica individualista social, econômica e política que nos conduz para desacordos cada vez mais irretornáveis.

Em um sistema que sobrevive com os de cima subindo cada vez mais às custas de uma maioria (que tende a aumentar) pressionada ainda mais para baixo, os historicamente marginalizados são os que mais sofrem com a escalada de silenciamento.

Quando dizemos para um irmão ou uma irmã “ninguém solta a mão de ninguém” ou “respeite quem você é e respeitará a todos a sua volta”, as premissas valem para todos? Quem são os nossos na experiência diária de viver?

Veja bem, não estou falando de passar a mão na cabeça, relevar barbaridades, ser poliana. Mas incluir no debate quem sequer está tendo voz para se descobrir também ator dos processos de vivência. Incluir – nos nossos próprios círculos – como arma contra a repulsa.

O roubo identitário é uma das grandes armas de opressão histórica pelo grupo dominante. Reproduzir essa dinâmica em nossos pequenos núcleos é ajudar a manter o status quo do jeitinho que ele deseja. Estender a mão não significa dar a outra face: é humanizar.

Nos encontros, não necessariamente consonantes (por que deveriam ser?), aprendemos e ampliamos nossas habilidades em lidar com as rupturas e, ainda, reconhecer nossa incompletude. Parece bonitinho, mas é assim que criamos casca para as batalhas sempre diárias.

O quê quero dizer com tudo isso? Talvez que para entrarmos mais potentes nos confrontos em que nos propomos engajar temos que olhar para as nossas calçadas e identificar que barreiras ainda não derrubamos em nós. Porque #ubuntu não pode ser só da boca pra fora.

0 Replies to “Ubuntu da boca para fora”

Deixe uma resposta

scroll to top