Segregação racial por grupos do mesmo meio

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Por Ellen Senra

Você certamente já deve ter ouvido falar no termo “palmitagem”, mas fique tranquilo, pois se não ouviu ainda, eu te explico agora. “Palmitagem” é o termo utilizado por parte da militância preta para se referir a pessoas pretas que se relacionam com pessoas brancas, algo que se origina do movimento de incentivo ao amor preto, algo que é sim um ato político que demonstra que estamos nos amando mais, algo que representa muito mais do que parece, pois não nos sentíamos dignos de ser amados, então ser amados pelos nossos é algo ainda mais potente.

A chamada “palmitagem” é foco de discussões acalouradas entre pessoas negras – Foto: #8M: Meninas Negras na linha de frente da luta contra o machismo

Não se preocupe que o meu discurso aqui não será do tipo “o amor não tem cor”, pois como deixo claro no início do texto, reconheço o movimento político que amar os nossos representa, o que quero levantar aqui é a reflexão sobre o ataque aos nossos e como isso nos enfraquece enquanto comunidade preta lutando pelo direito de viver com dignidade, pois estar num relacionamento interracial não torna a pessoa menos preta, não faz com que ela não sofra com o racismo estrutural ou que ela tenha benefícios na vida, pelo contrário, os corres são os mesmo e as provações também, com o agravante de que quem está ao nosso lado só pode entender o que passamos pela empatia e nada mais, o que torna ainda pior não termos apoio entre os nossos.

Sim, sabemos que o amor é uma construção social e que fomos ensinados a amar de acordo com o meio em que vivíamos ou até mesmo com a classe social a qual pertencemos, mas já pararam para se questionar de que o que vocês chamam de escolha, muitas vezes tem uma história de afeto por trás e que seríamos extremamente incoerentes em virar as costas para isso em virtude da raça ou do tom de pele da pessoa?

Entenda, com esse texto não quero incentivar o relacionamento interracial, mas sim pedir que reflitam sobre os efeitos do não acolhimento dos nossos irmãos baseados em quem os mesmos tem como família, será que vale mesmo a pena separar nosso grupo que já não está tão fortalecido baseado em algo que começou a ser construído recentemente?

Reflita comigo e compartilhe comigo sua opinião sobre o assunto.

Ellen Moraes Senra é Psicóloga Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e escritora

*Os artigos de opinião publicados no NP refletem exatamente o pensamento de cada articulista, não representando o jornal Notícia Preta.

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