Rio de Janeiro e Espírito Santo têm colônias de férias afrocentradas

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Janeiro, verão, muitas crianças reunidas, brincadeiras. Os ingredientes ideais para uma colônia de férias. Em duas delas, a cultura negra é o norte das atividades.

No Rio de Janeiro, o Atelierê tem a proposta de deixar as crianças criarem suas próprias brincadeiras. Daí o nome, que significa ateliê do erê. A segunda edição da colônia acontece até o dia 25 no Cosme Velho, na Zona Sul do Rio. O projeto foi idealizado em 2012 pela atriz Verônica da Costa, que é mãe do pequeno Theo, de 4 anos.

Atelierê – Foto: Divulgação

“Fazia oficinas com crianças em alguns Cieps. Lá, percebi que as crianças do Ciep não tinham tempo para brincadeiras livres nem para invencionices, ou seja, para criar suas próprias coisas. Ficavam ali sempre na escola recebendo ordens de alguém para fazer algo. Além de irritar, isso torna a criança improdutiva. Então, nas duas horas que ficava trabalhando no Ciep da Maré, minhas aulas eram destinadas para as crianças correrem e brincarem do que elas quisessem”, conta Verônica.

Logo depois, Verônica passou a desenvolver em suas atividades as oficinas de brinquedos com materiais sustentáveis: boliche com garrafa pet, avião de papel, pipa, entre outros. Surgiu, então, a ideia do Atelierê.

Desde 2015, ela conta com a parceria da também atriz Eva Costa e da produtora Daniele Araújo. Todas mulheres negras da Zona Oeste do Rio: “Somos mães de crianças pretas. Então, todas as atividades desenvolvidas para o projeto são criadas por nós. A gente se junta pelo menos duas vezes por mês para passar o final de semana, para as crianças estarem juntas e criarem esse vínculo e aproveitamos para desenvolver atividades com elas. Dando super certo, entram para o nosso portfólio”, explica a idealizadora.

No Atelierê, estão presentes os elementos da cultura africana, como contação de histórias, capoeira e brincadeiras. As inscrições podem ser feitas aqui.

Atelierê Foto: Divulgação

Em Vitória, no Espírito Santo, do dia 21 ao 25, acontece a quinta edição capixaba do Quilombinho, a primeira colônia de férias afrocentrada do país. O projeto gratuito é desenvolvido pelo Instituto DasPretas.org – associação civil capixaba criada em 2015 de protagonismo feminino negro que reúne arte, cultura e formação para o empoderamento de mulheres negras do estado do Espírito Santo.

“O Quilombinho é um projeto voltado à valorização e à transmissão da cultura negra. A ideia dessa colônia de férias de abordagem afrocentrada nasceu de uma experiência vivida por uma mãe que, ao levar seu filho a uma colônia de férias de Vitória, ouviu da criança de apenas 3 anos que ele não poderia ser o príncipe ou rei das histórias que os pais sempre contavam em casa – isso porque tinha apreendido por aqueles dias que não havia príncipes e reis negros em nenhuma história.

Ainda faltam a crianças atividades como essas, onde elas possam se reconhecer e reconhecer e respeitar o outro. Por esse motivo que nossas atividades são para todas as crianças que queiram participar (negras e não negras)”, conta Luana Pereira Loriano, diretora executiva do Instituto das Pretas.

Na programação, que ocorre no Museu Capixaba do Negro (Mucane), oficinas sobre cabelo, pintura corporal, grafite, teatro, tambores, rima, capoeira, dança afro e danças urbanas. As crianças terão ainda a oportunidade de produzir abayomis (tradicionais bonecas africanas feitas de tecidos), além de aprender mais sobre auto-identificação.

A expectativa é reunir 60 crianças de 4 a 10 anos durante os cinco dias. A procura é tanta que gerou uma lista de espera, que se encerra hoje, dia 16, e pode ser acessada clicando aqui.

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