Resiliência e Poder

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Protetor solar com cor protege mais a pele (Crédito: Shana Love Coaching/Nappy)

Estamos no mês de março, mês importantíssimo para militar ainda mais sobre os direitos das mulheres. É importante que nos lembremos do dia 08 de março principalmente como um levante, um dia para nos lembrarmos daquelas que se foram, lutando para que conseguíssemos um pouquinho mais de direitos. Também devemos nos lembrar daquelas que sofrem todos os dias nas mãos de homens que demonstram um enorme ódio pela figura da mulher. Que o mês de março seja um mês de uma grande luta intensa na tentativa de prevenir feminicídios e mais mulheres sendo agredidas por seus “companheiros”.

Pensando neste mês e data tão importantes para as mulheres, meu amigo Tiago Rosicky escreveu um texto que explora a história de algumas mulheres imponentes a nível mundial e que traz uma importante reflexão acerca do que estamos vivenciando em nosso país.

ELAS

“Em um dia tão especial para as mulheres é uma pena que elas ainda sofram com a sociedade patriarcal e machista. Vivemos em tempos que, a cada dia, 15 mulheres são mortas no Brasil. Para piorar, o presidente da nação tupiniquim se apresenta como machista e misógino. Mais uma vez, o poder feminino é posto à prova, mas sabemos que, como guerreiras que são, vencerão mais essa difícil provação. Como prova da sua força, a história deixou evidências claras sobre a resiliência e importância da mulher.

Na cidade-estado Esparta, durante a Idade Antiga, as mulheres já exerciam um papel de destaque na Pólis. Eram responsáveis pelas finanças não só domésticas, mas também empresariais e públicas. Além disso, participavam de reuniões públicas que estavam diretamente ligadas a vida política, econômica e militar de Esparta. Dessa maneira, ficou evidente sua importância dentro dessa sociedade grega.

Na Idade Média, mais destacadamente por volta do ano 1429 d.C, uma jovem camponesa, modesta e analfabeta se tornou um dos maiores e importantes ícones da história da França durante a Guerra dos Cem Anos contra a Inglaterra. Seu nome era Joana d’Arc. Joana, uma jovem chefe militar francesa, lutou bravamente em defesa de sua nação. Não temeu a morte no campo de batalha e lutou incansavelmente por sua pátria que se via quase sob domínio inglês. Venceu diversas batalhas, mas ao ser capturada, foi acusada injustamente por bruxaria é queimada viva aos 19 anos de idade. Assim, se findava a vida de uma das maiores mulheres que já pisaram na Terra e, ao mesmo tempo, iniciava-se um dos tempos mais sombrios da história das mulheres e, por que não, da humanidade: a caça às bruxas.

Não há erro nenhum em dizer que a misoginia teve início no fim da Baixa Idade Média, por volta do ano de 1474, com um jovem religioso alemão chamado Heinrich Kraemer. Junto com a sua indicação a inquisidor, uma ideia perturbadora e nefasta surgiu na mente desse padre e que foi apoiada pelo o Papa da época, Inocêncio VIII. Foi escrito o Malleus Maleficarum, mais conhecido como “O Martelo das Bruxas”. Esse livro doentio e obscuro tinha como objetivo identificar, julgar e punir todos, em especial as mulheres, que fossem acusados de heresia e bruxaria. Tal livro se tornou o guia para inquisidores na Europa, que torturaram, julgaram e mataram quaisquer mulheres consideradas “inovadoras, revolucionárias e extremistas” demais para a época. Como fruto dessa obra, mais de cem mil mulheres foram mortas das formas mais aterrorizantes já vistas na Europa medieval.

Apesar das barbáries já registradas contra as mulheres, elas não se calaram. Muitas entraram para os anais da história por suas grandes contribuições para a humanidade. Podemos citar Marie Curie, química e física polonesa que venceu o prêmio Nobel duas vezes por seu estudo sobre a radioatividade. Além dela, a jovem paquistanesa Malala também recebeu o prêmio Nobel por sua luta pelos direitos iguais, a educação as mulheres e por sua experiência pessoal traumatizante. Não podemos esquecer de Rosa Parks, ativista negra que lutou pelos direitos de sua raça durante o forte racismo propagado pela Klan durante as décadas de 40 a 60, tendo como episódio famoso o fato dela ter se negado a dar seu lugar no ônibus a uma pessoa branca. E por último, mas não menos importante, a jovem judia Anne Frank que se tornou uma escritora famosa por sua descrição extremamente triste e brilhante da perseguição sofrida por sua família que precisou se esconder dos nazistas.

Portanto, vemos que os fatos históricos são inquestionáveis e inegáveis. As mulheres são perseguidas há anos, mas se mostram valentes em suportar e continuar gritando por seus direitos e liberdade. De frágeis elas não têm nada. São guerreiras, inovadoras, ativistas e revolucionárias. Essas são nossas avós, tias, irmãs e mães. Um dia apenas no ano é muito pouco para elas que se mantém inabaláveis há séculos. As mulheres precisam e merecem ter os mesmos direitos que os homens. Elas são menosprezadas, assediadas, agredidas, mas demonstram muita coragem para continuar lutando por uma vida mais digna e igualitária. Parabéns pelo seu dia! Sorria, mulher! Te orgulha do teu gênero! Só você sabe o quanto é difícil ser mulher e quanto é, ao mesmo tempo, prazeroso saber que você tem um lugar importante na formação do mundo moderno”.

Não nos esqueçamos também de Marielle Franco socióloga, ativista dos Direitos Humanos, parlamentar, mulher negra e feminista que foi assassinada brutalmente em 2018 por estar fazendo a diferença. Ou ainda de Dandara, que de acordo com as histórias contadas a seu respeito, lutou ao lado de homens e mulheres no século XVII.  De acordo com o jornal O Globo (2014), Dandara foi a mais representativa liderança feminina na República de Palmares. Ela participou de todas as batalhas, de todas as lutas, de tudo que lá foi criado, organizado, vivido e sofrido. Sabe-se pouco sobre as suas origens: onde nasceu, de onde veio. Alguma literatura diz que ela tinha ascendência na nação africana de Jeje Mahin […] Dandara contribuiu com toda a construção da sociedade de Palmares, e para sua organização socioeconômica, política, familiar.

Tiago me emocionou ao escrever “ELAS” e demonstrar um pouco da história das mulheres a nível mundial. A mensagem que fica após ler este texto é de que, resiliência e poder são aspectos que fazem parte da história de nós mulheres. Para o futuro, só desejamos que sejamos cada vez mais fortes, livres e resilientes!



Sobre Tiago Rosicky Basilício
26 anos, gaúcho “paulistizado” de Santos/SP. Em busca dos Direitos Iguais para as mulheres e negros do país.

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