Racismo em Inteligência Artificial faz universidade da Califórnia não usar mais reconhecimento facial em seu campus

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A Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) não utilizar mais a o reconhecimento facial em seu campus. Ao comparar as faces de 400 integrantes da comunidade universitária (alunos, professores e funcionários) aos rostos de criminosos e contraventores fichados, a analise retornou com 58 falsos positivos. A maior parte dos erros ocorreu na avaliação de rostos de pessoas não-brancas. A tecnologia de reconhecimento facial vinha sendo avaliada como ferramenta e segurança, para identificar os frequentadores da Universidade. O teste foi realizado pela ONG Fight for the Future.

Para a realização deste teste a ONG Fight for the Future usou um software da Amazon chamado Rekognition. Em um dos casos, a ferramenta afirmou que havia 100% de chance de os rostos comparados serem da mesma pessoa, no entanto, eram somente 2 (dois) homens negros de barba, bem diferentes um do outro.

Ao decidir não mais utilizar esta tecnologia a UCLA se une a um grupo de mais de 50 (cinquenta) universidades nos EUA que se comprometeram em não ter mais o reconhecimento facial, incluindo MIT, Harvard, Brown e Columbia.

Ao mesmo tempo que estas tecnologias são muito imprecisas e mal construídas, estão sendo aplicadas por inúmeras prefeituras e governos em torno do mundo para hiper-vigiar e perseguir minorias”Tarcízio Silva, pesquisador

Diversos experimentos realizados por projetos de renome, como o Gender Shades, conduzido desde 2018 pelo MIT Media Lab, demontrou que reconceitos raciais são um problema recorrente nos programas de reconhecimento facial e nas inteligências artificiais que se propõem a reconhecer pessoas. O reconhecimento de homens de pele clara é muito mais preciso do que os de outros grupos.

Segundo o pesquisador de doutorado da Universidade Federal do ABC (UFABC) Tarcízio Silva, o reconhecimento facial é muito impreciso em pessoas negras: “Ao mesmo tempo que estas tecnologias são muito imprecisas e mal construídas, estão sendo aplicadas por inúmeras prefeituras e governos em torno do mundo para hiper-vigiar e perseguir minorias” disse o professor em entrevista ao portal EOnline.

Um levantamento feito pelo The Intercept Brasil no fim de novembro de 2019 revela que 90,5% dos presos por monitoramento facial no Brasil são negros. Em julho do ano passado, uma mulher foi detida por engano em Copacabana e levada à delegacia do bairro, após as câmeras de reconhecimento facial darem positivo.

O metrô de São Paulo decidiu instalar um sistema de câmeras com reconhecimento facial para, segundo a empresa, facilitar a identificação de suspeitos de crimes, fugitivos ou pessoas desaparecidas. Esta tecnologia será custará R$ 58,6 milhões e será vendida pelo consórcio Engie Ineo Johnson, formado por empresas da França e Irlanda.

Não é apenas no setor de transportes que o governo de São Paulo investe em técnologia de reconhecimento facial. No carnaval deste ano o Estado utilizou 50 drones para monitorar a folia.  Segundo o secretário da Segurança Pública (SSP) do estado, o João Camilo Pires de Campos,  as imagens foram analisadas em tempo real. O objetivo é identificar suspeitos de crimes em 644 blocos que desfilaram na capital paulista.

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