Quando a normalização do Racismo acabará?

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Por: Psicóloga Livia Marques – CRP 05/37353

Essa é a pergunta que não cala e que é necessária ser feita. Hoje em horário “nobre” da TV brasileira temos um programa muito famoso em que o racismo vem acontecendo de forma bem explícita. E?

Bem, como Psicóloga, posso afirmar que o Racismo gera marcas Psicológicas e nos faz adoecer.

Antes de tudo gostaria de me apresentar a vocês: Sou Psicóloga Livia Marques, tenho mais de 10 anos de experiência na área, seja ela clínica ou organizacional. Hoje tenho meu próprio espaço em que atendo meus pacientes. Sou Professora universitária, mulher negra. Que ano passado passou por uma pancada pois veio à tona até onde eu poderia saber da minha ancestralidade. Até onde me permitiram né? Muitos documentos da escravidão foram queimados e/ou nem registrados.

Vamos lá:

  • Tópico importante: Não existe racismo reverso. Gente não falem isso. Pois o racismo é algo real que começou com a colonização do Brasil, onde pessoas morriam em navios negreiros, pessoas se jogavam ao mar para não passarem pela escravidão, mães eram separadas dos filhos ainda pequenos (Olha aqui a Terapia do apego, e dizem que não dá para contextualizar a Psicologia nisso tudo). Mulheres eram estupradas e violentadas, sem falar absolutamente nada. Ah! Só para lembrar, estou falando de pessoas, indivíduos negros.

E aí, depois de tudo isso vocês acham que o racismo reverso acontece? Vale a sua reflexão.

Dentro da linha em que trabalho, a Terapia Cognitiva Comportamental, em que levamos em consideração a vida da infância até a vida adulta. De como a cognição desta pessoa vai se formando, preciso levar em consideração o contexto sócio, histórico, cultural e político que as pessoas vivem.

Hoje temos mais negros em faculdades, formados e com um esclarecimento das suas demandas e de sua história de forma potente. Isso é maravilhoso. Temos escritoras, como: Conceição Evaristo (Imortal sim),Djamila Ribeiro, Teresa Cárdenas, Eliane Alves Cruz e muitas (os) outras(os). Isso é muito maravilhoso, nossa história contada e dita por nós. Pois antes nós éramos objetos de estudos e não falávamos da nossa subjetividade. Dentro da Psicologia, no site do CFP, temos um documento sobre Relações Raciais, muito bem escrito e que deixa bem claro que a Psicologia precisa ser agente modificador na questão do racismo.

O racismo impede e/ou oprime a construção da subjetividade do povo negro (que é a maioria neste país) em detrimento da subjetividade do grupo que é a minoria. Mais isso vem desde a nossa colonização em que faz com que o discurso, a fala, a atitude do negro seja invalidade em todos os sentidos. Nesta questão de invalidação falo de um processo de desgaste alto da psique do indivíduo. Pois faz com que muitos se sintam inferiores e descrentes da mudança social. As vezes de que a luta não leva a nada, podemos falar de Depressão, de transtorno de ansiedade, bordeline, estresse pós traumático dentre outros. Isso é sério. E digo mais, o número de jovens negros que se suicidam é grande. Então uma pessoa branca dizer para você que sofre o mesmo que você dentro de uma loja quando o vendedor vai atrás é no mínimo para pensar. Imaginem você narrando:

“Cheguei em tal loja e o segurança, a vendedora ficavam sempre comigo a vista, pedi um produto e ela descrente falou o valor e de imediato disse que tinha um mais barato” ou então: Voc~e está na loja e o segurança vai te acompanhando para saber o que você está fazendo, sabiam que alguns negros já entram na loja mostrando a bolsa ou perguntando se precisa lacrar a bolsa? Simplesmente para não passar por algo ruim.

É, enquanto isso m a emissora não se pronuncia, tem um time de atores que são do movimento antirracista e nada de se pronunciar.

Pessoal tudo isso que expus é como psicóloga que busca embasamento e como uma pessoa que construiu e constrói a sua subjetividade no dia a dia, me acolhendo para poder acolher os meus de minha comunidade.

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