“Caso George Floyd é a oportunidade de se discutir a justiça racial”, diz Procurador-geral de Minnesota

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FILE - In this Wednesday, May 27, 2020, file photo, Minnesota Attorney General Keith Ellison answers questions during a news conference in St. Paul, Minn., about the investigation into the death of George Floyd, who died May 25, while in the custody of Minneapolis police officers. Minnesota Gov. Tim Walz said Sunday, May 31, that he decided Ellison needs to lead the case. (John Autey/Pioneer Press via AP, Pool, File)

Primeiro negro a se tornar procurador-geral do estado de Minnesota, Keith Ellison, foi um dos responsáveis pela condenação de Derek Chauvin, policial que matou George Floyd em 25 de maio de 2020. Em entrevista ao Estadão, Ellison comentou sobre a morte de Floyd e a oportunidade que isso proporcionou de se discutir o racismo, mas afirma que tem muito trabalho a ser feito para que situações como essas não aconteçam mais. “Precisamos criar o hábito de processar a polícia quando ela viola a lei”, disse.

O procurador-Geral de Minnesota Keith Ellison Foto: John Autey/Pioneer Press

Para Ellison, o que fez com que a condenação do policial se tornasse possível foram os vários registros da morte de George Floyd que se espalharam pelo mundo, a constatação do que havia ocorrido. “Essa era uma situação em que muitas pessoas viram com seus próprios olhos. Foi tão chocante que eles não puderam virar as costas”, comenta.

Ele alerta também para mudanças que precisam ser feitas no legislativo local e nacional para que os policiais não fujam de suas responsabilidades, após atos como o de Chauvin. “Muitas coisas precisam ser feitas. A condenação passa a mensagem de que ninguém pode matar alguém e fugir da responsabilidade. E a mensagem de que ninguém é inferior na nossa sociedade, que não se pode fazer o que você quer com outra pessoa achando que outros não irão se importar”, ressalta Keith Ellison.

Perguntado sobre o porquê não acusou Chauvin de crime de ódio, o procurador explica que teria que provar por meio de testemunhas que a morte foi causada por questão racial. E que no caso o policial não usava nenhum símbolo que pudesse comprovar por si só que se tratava de crime de ódio. “Neste caso, o contexto é de preconceito racial, mas é difícil provar que Chauvin fez isso porque e Floyd era negro. Mas, mesmo que não tenha sido um crime de ódio, ainda era um crime que tinha implicações raciais, porque todo mundo nos EUA sabe que um homem branco rico nunca seria tratado assim”, exemplifica.

O procurador-geral deixa evidente que o que aconteceu no caso de George Floyd não foi uma justiça e sim uma responsabilização da morte. Segundo o The Washington Post, Keith Ellison vai liderar também as acusações contra a ex-policial Kim Potter, que matou o jovem Daunte Wright, em abril.

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