Em meio a pandemia do coronavírus, prefeitura de São Paulo decide fechar Unidade de Atendimento Emergencial na região conhecida como “Cracolândia”

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Com o fechamento, as pessoas em situação de rua não terão seus direitos assegurados

A Região é conhecida por abrigar vários dependentes químicos – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Por Gabriel Ferreira

Na próxima quarta-feira (8), a prefeitura de São Paulo promove uma ação na região popularmente conhecida como “cracolândia” – local com grande concentração de dependentes químicos – que visa o fechamento da ATENDE 2 (unidade de Atendimento Diário Emergencial). Para realizar a ação, a prefeitura e o governo do estado vão contar com o apoio da Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal para auxiliá-los, conforme informou uma fonte ao Notícia Preta. Em meio a pandemia do novo coronavírus, o fechamento do serviço, justamente em uma região onde as condições sanitárias favorecem a disseminação dos casos, deixará a população ainda mais exposta.

As unidades – o estado conta com 3 atualmente – fazem parte do Programa Redenção, criado em 2017 pelo governo municipal e “oferecem alimentação, higiene pessoal e ressocialização para os beneficiário”. Além disso, elas contam “com espaços de descanso, banheiros e refeitório, além de ofertar serviços como cortes de cabelo, oficinas socioeducativas e encaminhamento para regularização dos documentos”.

Até o momento, a ATENDE 2 é o último equipamento público funcionando na localidade e, com o avanço do coronavírus em São Paulo, as pessoas em situação de rua podem ter seus direitos violados.

Perfil preto

Uma pesquisa publicada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), revelou que a grande maioria das pessoas que vivem na região da “cracolândia” são negras. De acordo com o estudo, mais de 85% dos frequentadores do local são negras, destes, 68,7% são homens e a média de idade é de 35 anos. Além disso, a pesquisa mostra que 95% dos dependentes químicos que frequentam a “cracolândia” têm algum grau de escolaridade. Ao todo, 1680 pessoas foram entrevistadas pelos pesquisadores da Unifesp. 

A prefeitura de São Paulo afirma que, de 2017 até fevereiro de 2020, mais de 2 milhões de pessoas já foram atendidas nas unidades.


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