Pesquisador lança livro sobre extermínio do povo negro: entre 1998 e 2017 mais de 1 milhão de pessoas foram vítimas de homicídios no Pará

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O professor de Direito Processual Penal e escritor paraense, Rômulo Morais, lançou esta semana o livro, “O extermínio da juventude negra”, onde ele analisa ao mesmo tempo que denuncia, que há um número grande de mortos em decorrência dos chamados “homicídios” no Pará, no Norte do Brasil. De acordo com a pesquisa do professor, entre 1998 e 2017 foram mais de 1 milhão pessoas assassinadas apenas em seu Estado .

Livro de Rômulo Fonseca Morais

“A juventude negra, ou quase negra, de tão pobre, tem feito parte de mais da metade desse assombroso número de mortos. A partir desse contexto, busquei problematizar essa questão apontando para uma complexa prática de extermínio contra esse segmento da população. A parte mais visível dessa prática de extermínio pode ser constatada na atuação do sistema penal, principalmente na intensa criminalização da juventude no atual estágio do neoliberalismo”, destaca o professor Rômulo Morais.

O professor também afirma que não há extermínio sem que, para isso, haja a construção de uma ideia, que seja, recorrentemente, utilizada e estratificada na sociedade, por aquele seguimento que dela se baseie para justificar e legitimar a ação exterminadora pelos criminosos que pratiquem tal genocídio, fazendo com que essa prática seja institucionalizada. Como é, por exemplo, o caso feito pelos policiais, principalmente junto á população da periferia. Por isso, a pesquisa que deu origem ao livro, em sua dissertação de mestrado na Universidade Federal do Pará (UFPA), analisa ainda as estratégias discursivas em torno da vida da juventude periférica brasileira, com aportes teóricos da criminologia crítica e as abordagens sobre o biopoder.

“Uma de nossas principais hipóteses é que essa grande quantidade de cadáveres não representa apenas o resultado de um somatório de acontecimentos fortuitos e isolados, mas parte de um permanente processo de criminalização e extermínio da juventude negra condicionado por uma ‘linguagem mortífera’ nos processos judiciais”, explica o autor do livro.

Rômulo Morais é mestre em Direito pelo Programa de Pós Graduação em Direito da Universidade Federal do Pará e Coordenador e Membro-Fundador do Grupo Cabano de Criminologia (GCCRIM ).

O livro foi lançado nesta quarta-feira (12), e traz na capa a imagem da pintura do artista paraense Eder Oliveira, que também aborda em sua produção artística a temática do livro.

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