“Ouço que a esquerda deve voltar para a base. Nós, mulheres negras, vivemos na base”, diz Vilma Reis em Fórum de Resistência Democrática no RJ

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marina Iris, Renata Souza, Doralyce e Vilma Reis / Foto: Caio Oliveira

marina Iris, Renata Souza, Doralyce e Vilma Reis / Foto: Caio Oliveira

Na última terça-feira (27), no Rio de Janeiro ao Fórum de Resistência Democrática, evento organizado pelo Observatório da Democracia, reuniu em uma de suas mesas um belo time de mulheres negras: A pré-candidata a Prefeitura de Salvador, Vilma Reis, a deputada estadual do Rio, Renata Souza e as cantoras Marina Iris e Doralyce.

O tema da mesa, que foi mediada por Marina Iris, foi “Gênero, raça e classe”. Durante sua fala, Vilma Reis, que é socióloga e defensora de direitos humanos, reivindicou que as narrativas e vivências das mulheres negras sejam respeitadas e reverberadas: “Ouço que a esquerda deve voltar para a base. Nós, mulheres negras, vivemos na base”.

“A gente chega pra dizer que nossa presença [nos espaços de poder] é pedagógica. Mas apesar de pedagógica, não é uma presença mansa. Não cabe presença negra mansa em cenários violentamente controlados pelo racismo. Lembrando Erica Malunguinho, afirmo que o tempo é de reintegração de posse e o povo negro não vai recuar. Pra terminar, cito, aqui, o conceito de feminicídio político, que Renata Souza vem trabalhando com muita força, para lembrar que essas mortes políticas, que vêm de muito longe, precisam ser respondidas com a nossa resistência. Foi um feminicídio político que nos tirou Marielle Franco”, disse a soteropolitana.

Em sua fala a deputada estadual Renata Souza falou sobre o compromisso e os desafios da esquerda brasileira:

“O que não é classificado, categorizado ou caracterizado não existe nessa sociedade. Eu tenho certeza de que o conceito de feminicídio político, se tivesse sido apresentado por um homem branco do Direito, já estaria na boca de todos aqui. Porque o epistemicídio é óbvio no que diz respeito à produção de conhecimento da mulher preta. Conhecimento que vem a partir da realidade concreta, da vivência real da violência”, argumentou.

E seguiu: “Temos que falar da esquerda porque é esse o lugar que tem compromisso com a gente. A esquerda tem o desafio, na costura política, de pensar formas de fazer com o povo periférico, em vez de fazer para o povo periférico”.

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