Ogã e músico funda primeira Escola de Música com foco no ritmo dos Candomblés

Oga.jpg
Rafael Correa – Ogã e fundador da Escola

Estado com maior número de praticantes declarados do Candomblé, segundo o IBGE, Rio de Janeiro ganha sua primeira escola voltada aos ritmos dos cultos afro-brasileiros. Inaugurada em 1° de outubro, dia Internacional da Música, a escola de musicalidade ancestral, fica no bairro de Olaria, subúrbio carioca. A ‘Velho Engenho Música Afro-brasileira’ é pioneira no Estado em oferecer cursos de samba de terreiro e de ritmos e cânticos dos candomblés ketu, djeje e angola, algumas das nações mais populares do candomblé no Brasil.

O intuito é formar profissionais percussionistas que conheçam e explorem a musicalidade vinda dos terreiros, permitindo a outros homens e mulheres dar continuidade à música passada de geração a geração pelos Mestres“, conta o Ogã e idealizador da Escola, Rafael Corrêa. Os ogãs são os responsáveis pelos cânticos e toques de atabaques e agogô nos terreiros. Eles desempenham uma das tarefas mais importantes no Candomblé, conduzindo a chegada dos Orixás e organizando as cerimônias públicas.

Ogã há 15 anos, Rafael também é formado em percussão pela Escola Villa-Lôbos, uma das mais tradicionais escolas de música do Rio. Nascido no Complexo do Alemão, ele chegou a dar aulas em uma laje da comunidade, depois de montar seu primeiro curso de ritmos em Magé, município da Baixada Fluminense. Há 4 anos mantém uma parceria com o Quilombo das Neves, em Santa Teresa, e agora, além disso, tem seu próprio espaço. Segundo Rafael, “a Escola tem uma preocupação com o conhecimento histórico sobre os candomblés, com o preparo técnico musical, com a consciência racial dos alunos e com a valorização da autoestima dos Ogãs“.

Próxima ao tradicional Cacique de Ramos, um dos redutos mais importantes do samba no Brasil, a Escola nasce com o objetivo de possibilitar uma alternativa de renda aos alunos. A luta de Rafael é para que os Ogãs sejam considerados músicos e possam exercer a música profissionalmente, assim como foi com ele.

A música que fazemos nos terreiros é música. Todos podem conhecer essa musicalidade, porque ela é ampla, rica e muito variada. Depois, quem quiser, pode ter a música como uma profissão. É digno, é honesto, é arte. Viver de arte não é nada fácil, ainda mais da arte preta, mas é possível. Nossa ideia é essa”, conta o Ogã.

Para mais informações sobre a escola, clique aqui.

0 Replies to “Ogã e músico funda primeira Escola de Música com foco no ritmo dos Candomblés”

Deixe uma resposta

scroll to top