Norte e Nordeste registram 80% das mortes de quilombolas pela covid-19

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Ausência de políticas públicas aumentam o risco de comunidades que já vivem em situação de vulnerabilidade

Por Dandara Barbosa

Quilombolas estão vulneráveis a doença causada pelo novo coronavírus. Foto: Ana Carolina A. Fernandes/Conaq

Por falta de políticas públicas específicas ao enfrentamento à Covid 19 nos territórios quilombolas, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, Conaq, já mapeou mais de 86 óbitos, o boletim registra ainda 80% dos óbitos se localizam nas Regiões Norte e Nordeste, visto que a maioria de óbitos localizam no estado do Pará.

De acordo com a Givânia Silva, que é pesquisadora, coordenadora-geral da Coordenação Nacional da (Conaq) e professora substituta da Universidade de Brasília (UNB). A Covid-19 chegou nas comunidades quilombolas, afetando duramente às regiões Norte e Nordeste, uma vez que essas comunidades já se encontravam em situação de vulnerabilidade.

A pesquisadora enfatiza que diversos fatores influenciam, sobretudo, por ser um território com um grau radical de exclusão e ausências de políticas que afetam essas comunidades. “Nossas comunidades têm pessoas mais idosas; temos um jeito próprio de viver; não estamos produzindo, isso agrava mais,” alerta a coordenadora e pesquisadora.

Givânia Silva ressalta a importância da Conaq ter tido a iniciativa de produzir informações para as comunidades entenderem a conjuntura política e social, tomarem as medidas preventivas, e principalmente o monitoramento de casos da Covid-19.

“Raça/ cor é um quesito que vem sendo ignorado pelo governo, além das dificuldades de acesso à informação sobre a comunidades quilombolas. Os dados que temos em relação ao monitoramento da situação das comunidades quilombolas são produzidos pela própria Conaq, já  que não há ação governamental de nenhum âmbito” explica.

Vale ressaltar, a divulgação dos boletins epidemiológicos está sendo divulgada na plataforma online, denominadaQuilombo sem covid“. Iniciativa de monitoramento autônomo da Conaq, que tem a parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) e principalmente, com a contribuição das lideranças quilombolas.

Boletim epidemiológico 

#VidasQuilombolasImportam é a hashtag usada para conscientizar sobre as mortes. Imagem: Assessoria da Conaq

Segundo os dados recente do boletim epidemiológico, dia 22 de junho, foram registrados 824 (oitocentos e vinte e quatro) casos confirmados, 192 (cento e noventa e dois) casos monitorados, 86 (oitenta e seis) óbitos e 02 (dois) óbitos sem confirmação de diagnóstico (Bahia e Minas Gerais). 

Se tratando de óbitos, já são 33 (trinta e três) no Pará; 15 (quinze) óbitos no Amapá; 09 (nove) óbitos no Rio de Janeiro; 09 (nove) óbitos em Pernambuco; 07 (sete) óbitos no Maranhão; 03 (três) óbitos na Bahia; 03 (três) óbitos no Espírito Santo; 02 (dois) óbitos no Goiás; 01 (um) um óbito no Amazonas; , 01 (um) óbito no Ceará, 01 (um) óbito no Mato Grosso; 01 (um) e 01 (um) óbito na Paraíba.

Em relação aos casos de contaminação em âmbito nacional, já têm registros em 17 estados: Amapá, Pará, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, Rondônia.

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