No ranking das 10 melhores escolas do Rio de Janeiro, todas são particulares, aponta levantamento

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Um relatório publicado pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) identificou que, das 10 melhores escolas, com base no resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2019 e o censo de 2020, apenas o Colégio Técnico Nossa Senhora das Graças Ltda – Colégio Futuro VIP, tem 30% dos alunos negros.

Apenas 3 escolas entre as 10 melhores possuem 30% de alunos negros – Foto: Agência Brasil

As taxas decaem de 30% do Colégio futuro VIP para 14% com o Colégio Pensi e Alfa CEM Bilíngue, e vão para menos de 3% nas escolas Colégio Santo Agostinho (Unidades Novo Leblon e Inst. Cultural Sto Agostinho), Escola Eleva, Colégio Internacional Everest, Colégio de São Bento e Colégio Cruzeiro (Unidades Jacarepaguá e Centro). Ainda não se tem dados do Enem de 2020, devido à pandemia e a dificuldade do Governo na divulgação e acesso a estas informações.

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Apenas no Rio de Janeiro, de 2007 até 2021, foram fechadas 500 escolas públicas com a explicação de não terem fluxo alto de alunos, segundo Gustavo Miranda, Coordenador do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (SEPE-RJ). Em conversa com o Notícia Preta, Gustavo falou sobre o acesso à educação de qualidade e igualitária ser constitucional, porém o Estado falha na garantia desse direito. De acordo com ele, “esse direito só é possível ser efetivado com recursos destinados à educação, entretanto o que se vê é um movimento contrário, de redução dessas verbas para a educação, travando a cultura, o ensino e o Brasil, ficando para trás até tecnologicamente por não ter investimentos assíduo na área“, afirma.

Falta de recursos para educação

O Coordenador do SEPE-RJ também falou que falta estrutura nas escolas, acessibilidade, pois, muitas vezes o estudante não possui uma instituição próxima à sua residência e necessita utilizar o transporte público, mas sempre muito cheio. “É preciso buscar esse aluno e levá-lo à escola, e não bastando apenas esperar que ele vá, logo esse é um dos motivos do baixo desempenho. É essencial haver um programa para isso, sendo necessário arrecadação de recursos e dinheiro, porém o que vemos por parte do governo em geral, é a preocupação com a ideia de enxugar o estado e tem como resultado a precarização do ensino no Brasil”, enfatiza.

Na lista das escolas com melhores resultados no ENEM, por qual é medido o nível de desempenho das instituições privadas e públicas, tanto no levantamento feito pela UERJ, quanto no ranking do site Blog do Enem, a ausência de colégios municipais, estaduais e federais é um fato incontestável. Para Juliana Silva, cientista política, pós graduada em cultura afro-brasileira, quanto mais cara for a mensalidade, menor a quantidade de alunos negros, devido a conjuntura social que a maioria das pessoas pretas ainda se encontram. Ela continua dizendo que “a gente não tem uma atualização da metodologia de ensino e da lei de diretrizes de base, a forma de ensino nas escolas públicas ainda é a mesma da década de 50. Nunca foi mudado e as gerações são diferentes, já na escola particular não é assim, ela vai se atualizando e mudando conforme vão passando as gerações”, analisa.

A cientista política finalizou informando que a falta de investimento na educação pública tem como resultado a taxa menor de pretos e pobres nas faculdades particulares e universidades, “mostrando a importância de haver e manter as as políticas afirmativas, como as cotas raciais nas instituições federais e estaduais, para aumento da taxa de alunos negros nesses espaços”, finaliza.

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