No Leblon, funcionário de supermercado acusa cliente de roubo e pede sua mochila para revistar

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Um agente patrimonial do supermercado Zona Sul do bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, acusou um cliente de roubo e pediu sua bolsa para ser revistada, de acordo com o advogado da vítima. O caso aconteceu no dia 17 de março deste ano. Na ocasião, o professor de dança Rodrigo Rezende tinha acabado de sair do banheiro quando foi abordado pelo funcionário. Rezende, que é um homem negro, 42 anos, se recusou a abrir a mochila e chamou a polícia.

Segundo a vítima em vídeo divulgado em suas redes sociais, ele era o único negro no local e foi a única pessoa à passar pela situação por mais que tivessem outros clientes utilizando mochila. “O tratamento foi completamente chulo, eu percebi que se tratava de racismo porque era o único negro dentro do mercado e havia outras pessoas brancas de mochila saindo normalmente sem serem abordadas. Eu fui julgado antes de qualquer tipo de defesa”.

O episódio foi filmado e em certo momento da gravação o agente diz “quem não deve não teme, se você não pegou nada você abra sua mochila e mostre o que tem dentro. Se você não abriu a mochila então é porque deve”. Também é possível verificar no vídeo outras pessoas saindo de mochila do supermercado sem serem abordadas pelo funcionário.

Em entrevista ao Portal Notícia Preta, o advogado Italo Bruno Mathias Lima, que está defendendo Rodrigo Rezende, endossou que o caso trata de racismo. “O racismo se faz evidente quando se vê que o funcionário do supermercado não aborda pessoas não negras e ainda diz: ‘quem não deve, não teme’ ‘se fosse eu, deixava abrir sua bolsa, aí você já ia embora, então você deve…’ deixando claro o processo de subalternidade e de privilégios que se distribuem entre grupos raciais”.

O advogado disse ainda que se seu cliente não tivesse gravado, com certeza não daria em nada, por falta de elementos probatórios mínimos. ”Não há legislação que obrigue estabelecimentos privados a guardarem a captação de gravações das imagens das câmeras de vigilância. Essas empresas definem o prazo de manutenção das imagens, geralmente, em 30 dias. Existe dificuldade na responsabilização criminal dessas empresas, não há legislação que responsabilize criminalmente os administradores e proprietários dessas empresas cujos empregados ou prestadores de serviços praticarem atos discriminatórios.”

Nós tentamos falar com o Supermercado Zona Sul mas até o fechamento desta publicação não tivemos retorno.

Também no Leblon

Foi no mesmo bairro nobre da Zona Sul do Rio de Janeiro, que Igor Martins Pinheiro, de 22 anos, um homem branco e morador de Botafogo foi preso pelo roubo de uma bicicleta. O caso ganhou repercussão depois que o instrutor de surfe Matheus Ribeiro, um jovem negro, foi acusado por Mariana Spinelli, dona da bicicleta furtada, e pelo namorado dela de ser o autor do crime. No entanto, dias depois, a polícia apreendeu a bicicleta elétrica de Matheus para investigar onde ele a comprou.

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