Negros que trabalham desde os 12 anos, esse é o perfil da maioria dos adolescentes apreendidos no RJ

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Brasília - O último grupo de adolescentes que cumprem medida de internação no antigo Caje, são levados para as novas unidades de internação (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Pesquisa aponta o perfil dos adolescentes apreendidos por ligação com o tráfico de drogas no Rio de Janeiro

A maioria dos adolescentes entrevistados possuíam 17 anos. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Negros, com baixa escolaridade, de maioria masculina e que já haviam trabalhado em atividades lícitas, geralmente precárias e intermitentes. Esse é o perfil dos adolescentes internos do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) apreendidos por atos análogos ao tráfico de drogas, segundo pesquisa “Ganhar a vida, perder a liberdade: trabalho, tráfico e sistema socioeducativo”, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes (CESeC).

Em entrevista com 100 adolescentes das três unidades do Degase no município do Rio de Janeiro, a metade dos que cumprem a internação no Degase apreendidos por atos análogos ao tráfico de drogas no estado, é possível identificar que 82 adolescentes são negros (sendo 48 pardos e 34 declarados pretos), com idade de 16 até superior a 18 anos (somam 83 dos entrevistados), 86 dos 100 entrevistados não haviam concluído o ensino fundamental.

Por mais que não seja recente o conhecimento de que a maioria dos encarcerados são de homens não-brancos, seja nos presídios ou no cumprimento de medidas socioeducativas, a pesquisa aponta para a falta de medidas eficazes de ressocialização desses locais. Atualmente 1/4 dos internos não frequentam a escola da unidade e mais de 2/3 não estão em nenhum curso profissionalizante, além disso 45 não praticam nenhuma atividade esportiva.

Chama a atenção também que 85 adolescentes já haviam trabalhado em atividades lícitas, geralmente precárias e intermitentes. Destes, 41 começaram a trabalhar com menos de 14 anos de idade e 11 deles com menos de 12 anos. Os jovens que disseram contribuir para o sustento da casa somam 46, no entanto os entrevistadores receberam relatos dos que não contribuíam que as famílias não aceitavam o dinheiro.

A maioria dos adolescentes, 70, relataram roubo de pertences, agressões físicas ou verbais por parte da polícia durante a apreensão, sendo que 22 denunciam ter sofrido extorsão. Dos jovens entrevistados, 15 passaram a tomar soníferos e antidepressivos depois do ingresso no sistema. A pesquisa completa com autoria de Paula Napolião, Fernanda Menezes e Diogo Lyra pode ser acessada no site da CESeC.

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