Mostra CineAfroBH promove exibição de filmes em comunidade quilombola e terreiro de Belo Horizonte

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A mulher da casa do arco iris, de Gilberto Alexandre, 2018 / Foto: Still

Primeira mostra audiovisual do estado destinada exclusivamente à exibição de filmes produzidos por diretores afro-brasileiros, promoverá duas sessões com exibição de 06 obras, além de homenagear mestres de culturas de raiz de matriz africana. Programação começa no dia 08 de junho.

A mulher da casa do arco iris, de Gilberto Alexandre, 2018 / Foto: Still

Criada com o objetivo de difundir e incentivar a produção audiovisual de realizadores afro-brasileiros, “3ª Mostra CineAfroBH: Quilombos urbanos, fé e cultura” realizará entre junho e julho em Belo Horizonte (bairros Grajaú e Arão Reis) duas sessões de rua com mestres homenageados.Durante toda a programação o público tem a oportunidade de conhecer e conviver melhor com os mestres de cultura popular residentes em seu bairro, diretores, artistas locais e convidados ilustres. Como forma de criar integração entre o publico, em todas as sessões de rua, a mostra oferece ao público pipoca gratuita.

Os 10 filmes da edição de 2019 da Mostra CineAfroBH foram agrupados em quatro programações: Quilombola, Religiosidades, Panorama e Resistência. A primeira exibição de filmes que abrirá a programação da 3ª Mostra CineAfroBH: Quilombos urbanos, fé e cultura, acontecerá noQuilombo dos Luizes, no dia 08 de junho, sábado, entre 18h e 21h, onde serão homenageadas as matriarcas Dona Mara Luzia, Maria Lucia e Júlia,por suas atuações culturais e sociais na condução dessa comunidade quilombola, localizada no bairro Grajaú, na regional Oeste de BH. A comunidade vem de uma longa linha de lideranças femininas, e foi reconhecida em 2018 como Patrimônio Cultural no contexto urbano de Belo Horizonte pelo IEPHA, justamente por ser uma das mais antigas da cidade, com sua origem anterior a 1895 (século XIX), antes mesmo da fundação da capital mineira.

Nesta primeira sessão os filmes exibidos na Programação Quilombola serão: “Favela em Diáspora”, de Gabriela Matos (MG), e “A Grande Ceia Quilombola”, de Rodrigo Sena e Ana Stela (MA). Na obra produzida em Belo Horizonte, MG, moradores do Morro do Papagaio são os protagonistas, e relatam através de suas vivências como o processo de migração compulsória realizado por um projeto da prefeitura, provocou uma ruptura em suas histórias. Assim, o filme dá voz as memórias de um povo que está á margem do asfalto, mostrando o que resta após uma desapropriação. Já o documentário maranhense, retrata a história do Quilombo de Damásio, uma terra doada por um senhor de engenho a três de suas escravas e que tem no cultivo e extração parcimoniosa de alimentos a base de uma estrutura social que privilegia o grupo. Parte destes saberes é abordado, mostrando como a comida  tem um papel fundamental na coesão do grupo e nas relações sociais presentes.

filme ‘HUMANIS CAUSA’ de Lucas de Jesus – crédito Divulgação Mostra Cine Afro BH

Já a segunda sessão acontece no dia 29 de junho, entre 18h e 21h, no Terreiro Ilê Wopô Olojukan. Localizado no bairro Aarão Reis, região Norte da capital. Assim, o homenageado da vez será o Babalorixá Pai Sidney, representante do terreiro de candomblé que foi fundado em 1964 pelo Babalorisa Carlos Olojukan. Tombado em Novembro de 1995, como patrimônio Cultural de Belo Horizonte pela Prefeitura Municipal de BH, o espaço é um importante reduto cultural da cidade. Na data, o público poderá assistir aos filmes da Programação Religiosidades, composta por4 curtas-metragens, são eles: “Road Movie à Moda Norte Mineira” de, Alexandre Naval (MG); “A mulher da casa do arco-íris” de Gilberto Alexandre (ES); “Kabadio” de Daniel Leite, (RJ); e “Humanis Causa” de Lucas de Jesus (RJ).

Dirigido pelo mineiro Alexandre Naval, o curta “Road Movie à Moda Norte Mineira” mostra a decadência de uma dançarina que fez muito sucesso na cidade de Montes Claros, em Minas Gerais, na década passada. Ao adentrar em uma viagem de carro, ela vê sua vida e a de todos que estão ao seu redor, passar por transformações profundas.

Já no filme “A Mulher da Casa Arco-íris”, o capixaba Gilberto Alexandre apresenta a história de Mãe Dango, sacerdotisa do Candomblé Angola. Sua trajetória é marcada pela ancestralidade herdada de seu pai, que lhe passou os ensinamentos da cultura bantu, e atravessada por episódios de superação e conquistas diante do racismo violento do país. A Casa do Arco-Íris, que ela define como um quilombo, abriga todos os seus filhos e é onde se cultuam os inquices. Assim, acompanhamos um espaço onde se constrói mais um capítulo da história da resistência negra no Brasil.

O olhar investigativo do diretor carioca Daniel Leite apresenta o curta “Kabadio”, que conta a história de personagens reais, habitantes de um pequeno vilarejo muçulmano no coração do Senegal, chamado Kabadio. O local é uma espécie de éden místico protegido por líderes religiosos, sendo o epicentro de vidas que tentam manter suas tradições em meio à guerra civil e ao contrabando de mercadorias. O segundo curta propõe uma reflexão ativa sobre os direitos humanos, sobre brasilidade e sobre a conjuntura atual de nossa sociedade. No ultimo filme exibido nessa noite,“Humanis Causa” o diretor carioca Lucas de Jesus propõe uma reflexão sobre nossa luta por direitos. Na cena cerca de 25 atores refletem sobre nossa realidade atual e através do olhar clinico e único, propiciado pela fotografia do grande cineasta brasileiro Neville D’almeida, somos colocados em uma posição de participante ativo da obra, trazendo assim uma maior relação de espectador-obra. 

HOMENAGENS

As exibições de rua da MCABH também tem como objetivo homenagear e promover o trabalho cultural desenvolvido pelos mestres da Cultura Popular e efetivar a legitimação dos seus saberes como Patrimônio Imaterial Cultural Brasileiro. Por isso, a programação é composta por sessões de cinema seguidas de rodas de conversa com os mestres homenageados, convidados e publico, sempre próximo aos locais onde esses mestres executam seu fazer cultural, contribuindo para um reposicionamento simbólico de suas atividades na comunidade local. Desta forma, os mestres ganham maior visibilidade no bairro onde vivem e recebem o devido reconhecimento por seu fazer cultural em suas próprias comunidades, pelo Estado, ou mesmo pela indústria cultural.

Os 10 filmes selecionados para a terceira edição são majoritariamente produzidos por realizadores afro-brasileiros, sendo 6 deles mineiros ou então radicados em Minas Gerais, e os outros quatro vem do Rio de Janeiro, Maranhão e Espirito Santo. Desta forma, a Mostra CineAfroBH, realizada com os recursos do Fundo Municipal de Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte, reafirma seu compromisso de valorizar prioritariamente o cenário audiovisual mineiro, construído bravamente por realizadores que atuam na transmissão das tradições culturais seculares para as futuras gerações, ao mesmo tempo que ao receber participantes de outras regiões do Brasil, constrói interlocuções e conexões com o cenário cinematográfico nacional. Após a realização da programação em Belo Horizonte, a Mostra segue em circulação para o estado da Bahia, onde promoverá atividades na cidade de Salvador e Valença.

Sobre a Mostra CineAfroBH (MCABH)

A Mostra CineAfroBH foi idealizada em 2014 pela cineasta Carem Abreu, roteirista, Diretora  e Produtora Executiva da ATOS Central de Imagens. A MCABH foi criada como objetivo de incentivar e divulgar a produção audiovisual afro-brasileira de Minas Gerais, além de colocar no foco das atenções o trabalho cultural desenvolvido pelos mestres das culturas populares. Esses verdadeiros representantes da cultura brasileira, muitas vezes tem seu fazer cultural menosprezado, por aqueles que não os reconhecem como mestres populares, em função de ignorância, intolerância e covardia imposta pelo racismo velado. Promover o conhecimento da contribuição da cultura afro-brasileira para a identidade do brasileiro e respeito pela humanidade são os objetivos primordiais dessa atividade cultural. A Mostra CineAfroBH é realizada pela ATOS Central de Imagens com patrocínio do Fundo de Projetos Culturais da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de BH, Projeto 0171/2017 – FPC-SMC-PBH.

::Serviço::

Programação BH

1ª SESSÃO

Data: 08 de junho de 2019 (Sábado)

Horário: 18h às 21h

Onde: Quilombo dos Luizes (Rua Artur Ferrari, esquina com Alves Pinto Bairro Grajaú, Região Oeste, BH)

FILMES:

– Favela em Diáspora [Gabriela Matos, 21’56, 2017, MG]

– A Grande Ceia Quilombola [Rodrigo Sena e Ana Stela, 52`, 2017, MA]

Mestras Homenageadas: Dona Maria Luzia, Maria Lucia e Júlia

Realização: ATOS Central de Imagens

Informações: www.mostracineafrobh.com

2ª SESSÃO

Data: 29 de junho de 2019 (Sábado)

Horário: 18h às 21h

Onde: Terreiro Ilê Wopo Olojukan (Rua Dr. Benedito Xavier, 2030, CEP 31814-654 / Referencia: Na Lateral do shopping Onix, atrás do lava jato, – Bairro Aarão Reis; Região Norte)

Ônibus: 1510 ou 711 Estação São Gabriel / Solimões ou 713 Estação São Gabriel /Lajedo.

Link como chegar: https://moovitapp.com/index/pt-br/transporte_p%C3%BAblico-Rua_Doutor_Benedito_Xavier-Belo_Horizonte-street_10048259-843

Filmes:

– Road Movie à Moda Norte Mineira [Alexandre Naval ,19’39, 2018, MG]

– A mulher da casa do arco-íris [Gilberto Alexandre 23`24, 2017/18, ES]

– Kabadio [Daniel Leite,16’09, 2016, RJ]

– Humanis Causa [Lucas de Jesus,19’59, 2018, RJ]

Mestre Homenageado: Pai Sidney

Realização: ATOS Central de Imagens

Informações: www.mostracineafrobh.com

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